Violentos combates e ataques aéreos prosseguiam neste sábado no oeste de Aleppo, no segundo dia da ofensiva lançada pelos rebeldes para romper o cerco imposto pelo governo sírio, acusado por Washington de usar a “fome como uma arma de guerra”.

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A artilharia rebelde bombardeava os bairros do oeste de Aleppo, controlados pelas forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, matando pelo menos 21 civis, incluindo duas crianças, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, localizada no norte do país, está dividida em dois setores. O setor oeste está sob o controle do governo e o leste, completamente cercado pelas tropas do governo, está nas mãos de várias forças rebeldes.

O controle de Aleppo é de importância estratégica para os envolvidos na guerra civil que, desde 2011, matou mais de 300.000 pessoas.

Para romper o cerco imposto pelo exército sírio aos bairros do leste, mais de 1.500 rebeldes vindos das províncias de Aleppo e Idleb atacaram na sexta-feira, a partir da periferia da cidade, o flanco oeste de Aleppo ao longo de um front de 15 km.

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Os rebeldes, que lançaram a ofensiva com uma série de explosões de carros-bombas, conseguiram assumir o controle da maior parte do bairro de Dahiyet al-Assad, no sudoeste de Aleppo, perto de uma escola militar, segundo informou o OSDH.

“Há ataques aéreos intensivos em Dahiyet al-Assad”, acrescentou o OSDH, assegurando que a aviação russa estava bombardeando a periferia oeste de Aleppo.

De acordo com um correspondente da AFP que foi para Dahiyet al-Assad, os ataques aéreos e tiros de artilharia causaram estragos no bairro e as ruas estão desertas.

“O próximo alvo é a escola militar e o bairro de Hamdaniyé”, um setor do oeste de Aleppo controlado pelo regime, declarou à AFP um comandante militar, Abu Moustafa, membro da coalizão Jaich al-Fatah (Exército da Conquista) que reúne rebelde islamitas e extremistas.

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A violência que atingiu a segunda maior cidade da Síria no primeiro dia da ofensiva rebelde causou pelo menos 18 mortes entre as forças do regime e os combatentes que as apoiam, de acordo com o OSDH.

Quebrar o cerco

“Em alguns dias, vamos abrir o caminho para os nossos irmãos sitiados”, prometeu o comandante militar Abu Moustafa.

Os subúrbios do leste de Aleppo, onde vivem pelo menos 250.000 pessoas, estão sob cerco desde julho, privados de ajuda humanitária e ameaçados com a escassez de alimentos de acordo com as Nações Unidas.

O regime sírio lançou em 22 de setembro uma grande ofensiva para retomar o setor com um sucesso limitado, apesar do apoio da aviação russa e dos bombardeios mortais que deixaram mais de 500 mortos e que destruíram várias infra-estruturas civis, particularmente hospitais, segundo a ONU.

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Moscou interrompeu seus ataques aéreos em 18 de outubro.

Mas, em reação à ofensiva rebelde, o exército russo anunciou na sexta-feira que retomaria os ataques aéreos em Aleppo, embora o presidente russo, Vladimir Putin, tenha considerado que esta ação não era “oportuna” e que seria “necessário prolongar a trégua humanitária”.

Por sua vez, os Estados Unidos acusaram o governo sírio de usar a “fome como uma arma de guerra”.

“O regime sírio rejeitou os pedidos da ONU para estender a assistência humanitária para Aleppo Oriental e está usando a fome como uma arma de guerra”, disse uma autoridade americana à AFP.

* AFP