Do Hotel Holiday Inn, onde ZH está hospedada no Líbano, foi possível ouvir pelo menos oito séries de 10 tiros e uma explosão, provavelmente de granada.

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Pela manhã, o saldo do confronto entre grupos libaneses favoráveis e contrários ao regime de Bashar al-Assad era: três mortos, 20 feridos e um país jogado de volta a uma realidade de medo. Desde a semana passada, quando nove pessoas morreram em Trípoli, no norte do Líbano, já havia sinais de que a revolta na Síria respingaria aqui, mas ninguém esperava que fosse chegar tão rápido a Beirute.

O confronto entre milícias sunitas (contrárias a Al-Assad) e xiitas (que apoiam o regime) foi no bairro de Tarik al Jedid, a cerca de três quilômetros do hotel de ZH. Tudo começou quando uma facção ligada ao Hezbollah invadiu um prédio ocupado por seguidores de uma organização sunita chamada Movimento Árabe. Segundo testemunhas, por volta das 22h, militantes de uma das facções passaram em um carro provocando o grupo rival.

– Logo, tudo começou. Tiros para todos os lados – contou um homem, em um restaurante próximo do local do confronto, ao lado da Universidade Árabe, uma região movimentada de Beirute.

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Pela manhã, havia cacos de vidro e projeteis no asfalto. Blindados do exército libanês montavam guarda em frente à universidade. Era perceptível o olhar de impotência dos militares diante da força das milícias libanesas – o Hezbollah, partido político legalizado, mas com várias facções armadas é apenas um dos vários grupos religiosos e políticos. Esse é o maior temor no país: o retorno de milícias xiitas e sunitas que apavoraram o Líbano nos anos 80 e detonaram a guerra civil.

O confronto da madrugada passada foi uma reação à morte de um líder religioso em Trípoli. Simpatizante da oposição síria, o xeque Ahmad Abdel Wahed foi morto em uma barreira do exército libanês em Trípoli. As forças armadas dizem que seu carro não parou na barreira. O motorista afirma que foi execução. O episódio acirrou os ânimos e foi suficiente para os xiitas acusarem as forças armadas libanesas de serem contrárias a Bashar al-Assad.