As crianças de uma das comunidades que sofrem de perto os reflexos da violência perdem aula pela segunda vez este ano em Florianópolis. A Creche Municipal da Vila União, no bairro Vargem do Bom Jesus, no Norte da Ilha, não abriu as portas por três dias esta semana. O motivo não foi a suspensão de aula, mas o medo de chegar até a unidade. Os 116 alunos de 1 a 6 anos foram prejudicados. O mesmo ocorreu em junho, quando um tiroteio e o incêndio a ônibus assustaram os moradores.

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A reportagem do DC tentou contato com a unidade escolar por telefone na terça-feira (12), quando houve uma perseguição policial que terminou em troca de tiros, uma morte e três feridos no Norte da Ilha, mas ninguém atendeu as ligações. A informação da PM dava conta de que a ocorrência teria iniciado por causa de tiros que teriam sido disparados na comunidade.

As tentativas de ligações na quarta (13) e nesta quinta-feira (14) também não tiveram sucesso. Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Educação confirmou que a creche ficou sem aula na segunda, na terça e nesta quinta. Já na quarta, quando as ligações também não foram atendidas, os alunos tiveram aula. É possível que no horário das ligações, os profissionais não estivessem livres para atender.

O secretário Maurício Fernandes Pereira informou que os professores foram impedidos de chegar até a unidade por barricadas montadas no único acesso à comunidade. Alguns pais também deixaram de levar os filhos pela tensão que se instalou nas ruas. Um professor disse que recebeu recado para não entrar lá com material escolar.

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— A segurança pública do Estado não está dando conta daquela região. A Polícia Militar faz um ótimo trabalho, mas precisamos de mais efetivo lá dentro. Se tivermos uma segurança maior, todos ficam mais tranquilos — ponderou Pereira.

O secretário se reuniu na manhã desta quinta-feira com a diretora e os professores da creche para avaliar as medidas que serão tomadas para o próximo ano letivo, uma vez que as aulas chegam ao fim nesta sexta-feira. Pereira não deu detalhes das decisões que serão tomadas e garantiu que as atividades deste ano não foram prejudicadas.

— No ano que vem teremos coisas diferentes para anunciar para aquelas crianças e para a comunidade de professores — garantiu.

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