Os patinetes e as bicicletas elétricas vêm modificando a forma como as pessoas circulam pela região central de Florianópolis. Desde que voltaram à cidade, no ano passado, os veículos mobilizam debates entre os que defendem sua praticidade e os que questionam sua segurança.
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Morador do Morro da Cruz, Izahki Jahmel, de 25 anos, usa as bicicletas elétricas da Tembici cotidianamente para se deslocar até outros pontos no Centro.
— A bicicleta facilitou trajetos que antes eu fazia diariamente a pé, em distâncias mais próximas. Me ajuda a não cansar tanto e a chegar mais rápido nos locais — relata.
Os veículos também são uma alternativa de deslocamento mais rápido em horários de pico. O estudante universitário Ricardo Verka, de 19 anos, costuma alugar os patinetes da Whoosh quando há congestionamentos nas principais vias por onde circula, nos bairros Santa Mônica e Trindade.
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— Os patinetes te deixam mais livre e você consegue chegar mais rapidamente aos destinos. Também permitem estacionar em mais lugares do que as bicicletas elétricas — descreve.
Confira imagens dos patinetes e bikes
O superintendente de mobilidade de Florianópolis, Valci Brasil, faz um balanço positivo dos serviços da Whoosh e da Tembici. Segundo ele, há uma intenção da prefeitura de ampliar o serviço, chegando à quantidade total de 500 bicicletas elétricas, nos próximos dois meses.
— Nós temos que propiciar outros modais de transporte para que o cidadão possa se locomover e que não seja somente com o carro particular. Quanto mais compartilhamento, melhor — afirma.
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Para isso, são necessárias vias para circulação. Atualmente, a cidade conta com 131,86 km de ciclofaixas (geralmente sinalizada com pintura no asfalto) e ciclovias (separadas fisicamente do tráfego comum). São 22,96 km a cada 100 mil habitantes, o maior valor entre todas as capitais do país, de acordo com a associação Aliança Bike. Ainda assim, partes importantes da região central não são atendidas.
— Estamos com um debate sobre a construção de uma ciclovia na Av. Gov. Gustavo Richard, desde a Casan até o bairro José Mendes, porque é o último trecho que falta para ligar toda a volta ao morro do maciço da Cruz. É um dos trechos mais perigosos de Floripa — explica o superintendente.
Mau-uso e risco de acidentes
Já os críticos aos patinetes e bicicletas levantam preocupações sobre sua segurança e o impacto no ambiente urbano — especialmente em relação aos patinetes, cujos usuários são flagrados mais frequentemente descumprindo as regras de uso da plataforma.
Excesso de velocidade, não-cumprimento da idade mínima de 18 anos e uso por mais de uma pessoa são os erros mais comuns, e já motivaram a abertura de um inquérito no Ministério Público de Santa Catarina (PMSC) para investigar acidentes e cobrar fiscalização da Whoosh e da prefeitura.
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Desde junho de 2023, quando a Whoosh chegou a Florianópolis, já foram registradas 25 emergências envolvendo patinetes pelo Corpo de Bombeiros (CBMSC). A maioria dos casos são de quedas, mas há também colisões com bicicletas, motos e pedestres.
O atendente de suporte técnico Thiago Linhares Bilck, de 37 anos, foi vítima de um atropelamento por um patinete em março deste ano. Ele estava na esquina entre as ruas Felipe Schmidt e Pedro Ivo, no Centro da Capital, quando foi atingido por um casal que andava sobre um único veículo. Thiago teve que ficar 15 dias afastado do trabalho e sem poder pôr o pé no chão.
— Assim que pisei na esquina, o patinete apareceu do nada, numa velocidade bem alta. Ele veio pela calçada e me acertou. Não tive tempo de me proteger em função da rapidez. Estava um casal em cima do patinete. Acabei fraturando dois ossinhos do pé — conta.
Thiago optou por não registrar boletim de ocorrência, naquele dia.
— Após o acidente, não tive mais contato com o atropelador. No momento do ocorrido, não me atentei em pegar os seus dados em função da dor e da preocupação. Desta forma, como não tinha os dados dele, não fiz um BO, pois acho que ele não teria tanto efeito.
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Em nota ao NSC Total, a Whoosh afirmou que não tem registros do acidente envolvendo Thiago e reiterou que as partes envolvidas nesse tipo de situação entrem em contato com a plataforma e com as autoridades para reportar o ocorrido.
Em relação a outros casos, a empresa alega que nunca teve nenhum acidente causado por falha dos patinetes, “reforçando a segurança e tecnologia no qual nossos equipamentos são feitos”. A nota diz ainda que pessoas que infringem as regras de uso, como usar em dupla o equipamento, são bloqueados pela plataforma.
O superintendente Valci Brasil reconhece que as bicicletas dão menos problemas do que os patinetes. Nos últimos meses, segundo ele, a prefeitura vem tomando ações de prevenção e fiscalização.
— Como não podemos aplicar multas, a Guarda Municipal e a Polícia Militar estão agindo de forma educativa. A prefeitura vem fazendo aulas educativas, baixando a velocidade em áreas de passeio e áreas públicas, de calçadões.
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Câmara tem projeto para regulamentar uso de patinete elétrico em Florianópolis
Veja a nota completa da Whoosh:
A Whoosh tem como princípio a preocupação integral com a segurança de seus usuários e da população em geral que convive com os nossos modais. Por isso disponibilizamos nossos canais oficiais como e-mail e o próprio aplicativo para que usuários ou terceiros possam entrar em contato informando sobre incidentes, esclarecendo dúvidas ou solicitando algum tipo de apoio referente aos serviços ou situações adversas, como acidentes. É de suma importância que alguma das partes envolvidas nesse tipo de situação entre em contato conosco reportando o ocorrido, o que, nesse caso, não aconteceu, o que nos impede de ter maiores informações e tomar as devidas providências.
Nossos equipamentos estão de acordo com todas as normas do Contran, e em todo o período em que atuamos no Brasil não tivemos nenhum acidente referente à falha das patinetes, reforçando a segurança e tecnologia no qual nossos equipamentos são feitos.
Para maior confiança e proteção de usuários e terceiros, oferecemos também seguro de acidentes pessoais coletivo, e nossa equipe está pronta para auxiliar na abertura do sinistro com a seguradora se necessário.
Sobre usuários que fazem o uso indevido dos modais, como andar com duas pessoas ao mesmo tempo na patinete, assim que esse tipo de comportamento é verificado, as contas dos usuários são bloqueadas do nosso aplicativo para impedir a repetição desse tipo de ação.
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Além das ações corretivas, divulgamos em nossos canais oficiais (redes sociais, aplicativo e site) rotineiramente as regras para utilização das patinetes, e organizamos eventos educativos nas cidades em que atuamos, como escolas de educação e blitz educativas, orientando e treinando usuários sobre as melhores práticas para o uso dos equipamentos.
A Whoosh acredita em cidades com meios de transporte inteligentes e sustentáveis, e acima de tudo, seguros para todos. Por isso nossa equipe está à disposição para esclarecimentos de dúvidas ou fornecimento de suporte sobre nossos equipamentos e situações relacionadas às patinetes Whoosh, para toda a população.
O que fazer em acidentes com bicicletas elétricas e patinetes
- Garanta a segurança: Se estiver em condições, remova-se da área de perigo para evitar novos acidentes.
- Verifique se há lesões: Avalie a si mesmo e a outras pessoas envolvidas no acidente em busca de lesões. Caso haja feridos, chame imediatamente por socorro médico.
- Comunique as autoridades: Entre em contato com as autoridades locais, como a polícia ou o serviço de emergência, para relatar o acidente e solicitar assistência, se necessário.
- Registre informações: Se possível, obtenha informações importantes, como os detalhes do acidente, localização, data e hora, além de qualquer testemunha presente.
- Informe a empresa operadora: Entre em contato com a Whoosh ou a Tembici para relatar o acidente e seguir suas instruções específicas quanto aos procedimentos a serem seguidos.
- Busque assistência médica: Mesmo que aparentemente não haja lesões graves, é aconselhável procurar um profissional de saúde para avaliação e tratamento adequado, se necessário.
- Mantenha registros: Guarde todos os documentos e registros relacionados ao acidente, incluindo relatórios policiais, informações de contato das testemunhas e comunicações com as empresas operadoras.
- Busque orientação legal, se necessário: Se você ou outras partes envolvidas no acidente sofreram danos significativos, considere buscar orientação legal para entender seus direitos e opções legais.
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