Vilfred Schapitz já desempenhou várias funções no Joinville, mas a partir de desta sexta terá o seu maior desafio. Novo presidente do clube, ele tomará posse de maneira oficial a partir das 19h30, em cerimônia que ocorrerá na Arena. Antes de aceitar o cargo máximo do Tricolor, trabalhou nas gestões de Marcio Vogelsanger e Nereu Martinelli como diretor financeiro, vice-presidente e diretor da base.

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Na entrevista exclusiva para o “AN”, Vilfred declarou que nunca teve a pretensão de ser presidente do Joinville. Inclusive, lembrou que teve oportunidades anteriores, mas aceitou o desafio agora por entender que há uma necessidade de mudança.

Além de projetar os próximos passos nesta caminhada que terá fim em dezembro de 2019, Vilfred revelou que seu comando será de cobrança a todos os departamentos, sem margem para erros.

– Precisamos subir para a Série B, mas, se não subirmos, temos de mostrar que houve evolução na parte administrativa para atrair mais sócios, dar confiança à torcida e equilibrar as contas.

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Confira a entrevista:

Você já poderia ter assumido o Joinville antes, numa situação melhor. Por que não aceitou?

Vilfred Schapitz – Tínhamos uma linha sucessória, que começou com o Marcio (Vogelsanger, ex-presidente), o Nereu (Martinelli, ex-presidente) e depois seria eu. Mas contamos com o apoio do Jony (Stassun, atual presidente) e ele tinha um grande interesse em ser presidente. Era patrocinador há dois anos, trabalhava também como diretor financeiro e conhecia todas as finanças do clube. O Nereu até chegou a me questionar a razão de eu não assumir, mas eu nunca tive pretensão de ser presidente do Joinville.

Por que, então, você mudou de ideia?

Vilfred Schapitz – Tudo se iniciou no ano passado, quando procuramos o Jony para auxiliá-lo. Infelizmente, houve um contratempo e saímos de novo da diretoria. Na sequência, tivemos as comissões do conselho deliberativo e fui convidado a participar em razão do meu tempo de trabalho no Joinville. Começamos o trabalho e vimos a dificuldade que o clube estava passando. Auxiliamos o Jony, houve novos contratempos e, a partir dali, ele solicitou um nome para que iniciasse a transição. Primeiro, me coloquei à disposição como diretor, depois como vice-presidente e, por último, como presidente. O grupo estava formado e, se não havia ninguém, eu topei. achei interessante o desafio, por isso topei.

O que precisa ser diferente nesta nova gestão do Joinville?

Vilfred Schapitz – Não pode haver centralização. Temos de ter um acompanhamento das metas em todos os setores, onde deve haver cobrança, principalmente no futebol. O futebol precisa ser acompanhado por várias pessoas, como temos feito no comitê. Precisamos ter certeza de que não haverá erro nas contratações.

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Você acredita que o principal cuidado deve ser com as contratações?

Vilfred Schapitz – Certamente. A maior dificuldade é o fato de estarmos na Série C. Para subirmos, precisamos montar time de Série B. Não podemos errar. Vamos contratar, mas serão sete ou oito nomes pontuais.

A nova gestão tem muitas pessoas envolvidas. Por que há tanta mobilização?

Vilfred Schapitz – O Joinville é muito grande. Só a estrutura da base, por exemplo, é uma equipe à parte. Marketing, loja, enfim, são vários departamentos. Uma pessoa gerenciando cada área já é trabalhoso. O clube tem uma estrutura complexa e grande. Precisamos de várias pessoas e o presidente acompanhando para delegar essas funções.

Como garantir que o Joinville não voltará a ter problemas financeiros?

Vilfred Schapitz –Nós temos ativos no clube. Existe interesse neles e estamos segurando ao máximo até para suprir essa situação. Todo jogador é negociável no Joinville. Não vamos pecar como pecamos no passado, segurando alguns atletas e perdendo algumas oportunidades de entrar valores no clube.

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Como trazer o torcedor para a Arena novamente?

Vilfred Schapitz – Os departamentos de marketing, financeiro, base, loja e sócios correspondem a 20% da receita do clube, em minha opinião. O resultado do futebol compõe os outros 80%. Não adianta o marketing correr se não tiver no futebol. Tem que fazer um bom time, ter resultado para o torcedor voltar. Não adianta prometermos outras ações se não tivermos um time que transmita confiança. Mas, é claro, faremos outras promoções. O Joinville precisa ser mais comunitário, um clube de todos.

Quais são os planos de ação para outras áreas?

Vilfred Schapitz – Montamos uma loja móvel. Ela nos ajudará a participar de eventos nos quais poderemos divulgar a marca do Joinville. Vamos adquirir um ônibus para diminuir o custo de aluguéis. Teremos a parceria do futsal neste movimento. Estamos trabalhando para finalmente termos o museu do Joinville. Queremos também uma choperia e uma academia que possam movimentar mais o estádio. Ainda vamos lançar um pacote de venda de ingressos para empresas e temos a ideia de promover dois shows no fim do ano na Arena.

Como será a relação com o conselho? Espera oposição como houve ao Jony?

Vilfred Schapitz –Espero que nos procurem para fazermos um plano estratégico. A diretoria deve ter uma parceria com o conselho. O Joinville não pode alterar seu rumo a cada mudança de gestão, de dois em dois anos. É preciso ter uma filosofia que seja pensada pelo conselho e não se modifique, independentemente da mudança de gestão. Sobre oposição, acho que é sempre interessante. Temos de ser bastante cobrados, principalmente pelo conselho fiscal. Precisamos ser verificados, alertados, para termos um trabalho correto.

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O presidente Jony Stassun relatou que teve dificuldades para receber alguns valores emprestados por ele ao clube. Como está essa situação?

Vilfred Schapitz – Se não houvesse despesas do período anterior, como impostos atrasados, reclamações trabalhistas, acordos, salários atrasados, teríamos em caixa R$ 800 mil. Hoje, estamos na situação inversa, com R$ 780 mil negativos. Quitamos R$ 1,6 milhão de dívidas passadas. Só de salários atrasados foram quase R$ 900 mil. Infelizmente, estamos devendo duas parcelas ao Jony, mas já passei ao Edcarlos (Natali, ex-superintendente e funcionário da empresa de Jony) que estamos articulando o pagamento.

Com tantas dívidas, é possível devolver aos ex-presidentes os valores investidos no clube?Vilfred Schapitz –Hoje, o Joinville não pode quitar divida com ninguém. Precisamos honrar alguns acordos trabalhistas e parcelamentos de fornecedores. Com a Maná (que atendia no refeitório do CT), por exemplo, fizemos um acordo para diminuirmos a conta de R$ 800 mil para R$ 500 mil. Tem outras ações também como a do Shopping Mueller, que está sendo negociada e poderá ser quitada. Vamos procurar na venda de atletas passar os valores para quitarmos nossas dívidas.

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É muito comum dirigentes do Joinville colocarem dinheiro no clube? Você não teme ter de passar pela mesma situação?

Vilfred Schapitz – Na verdade, já coloquei dinheiro. É uma situação que está sendo feito e retirada. Nesta gestão, que começou a trabalhar em janeiro, não somente eu, mas outros membros da diretoria colocaram. Foram R$ 200 mil para compor as folhas de pagamento. Estamos zerados porque as cotas de vários patrocinadores foram antecipadas. Para a próxima folha de pagamentos, precisaremos buscar recursos.

Qual é o déficit mensal do Joinville?

Vilfred Schapitz – Temos um déficit de R$ 350 mil. Para abatermos isso, precisamos de 3 mil novos sócios. E, se possível, um acerto com dois novos patrocinadores. E posso afirmar que, se não subirmos para a Série B, vamos ter mais dificuldades. Não dá para levar o Joinville como tem sido feito.

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E se não subir para a Série B?

Vilfred Schapitz –Não temos margem de erro. Não podemos errar nas contratações. Mas se não subirmos, temos de mostrar que houve evolução na parte administrativa para atrair mais sócios, dar confiança à torcida e equilibrar as contas.

Onde o presidente vê o Joinville no fim do seu mandato?

Vilfred Schapitz – Na Série B, com as contas equilibradas, com um novo ônibus, um campo sintético no CT, com o museu pronto e com uma gestão que possa fazer a transição de forma tranquila.