“Quero ver o que você faz com esse personagem”, disse Walcyr Carrasco a Mateus Solano quando lhe apresentou os primeiros textos de Félix, vilão de Amor à Vida, a nova novela das 21h, que estreou na última segunda-feira na RBS TV.
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Ao fim dos 70 minutos de duração do primeiro capítulo, o ator já colhia os frutos de sua interpretação. Na pele do ambicioso administrador hospitalar capaz de qualquer vilania para herdar a fortuna da família, Solano viu sua popularidade ir às alturas, elogiado por público e crítica. Nas redes sociais, seu nome foi para o topo logo nas cenas iniciais, gravadas no Peru, quando destratou a família e mostrou para a audiência seus primeiros trejeitos gays.
De todos os retornos positivos que Solano recebeu, porém, nenhum foi tão marcante quanto a comparação com a vilã mais festejada dos últimos tempos na TV. Félix, agora, é referido como sendo a “Carminha de calças”.
– Longe de mim querer comparar meu personagem com a maravilhosa Carminha da minha grande amiga Adriana Esteves – declarou o ator em entrevista à revista TiTiTi.
Tanta modéstia não serviu para conter criativos fãs da novela, que já começaram a criar montagens dos dois atores em diálogos divertidos, fazendo alusão à “passada de bastão” de Carmen Lúcia Tufão para Félix. Adriana Esteves, aliás, já deu a “bênção” e aprovou seu substituto: mandou mensagem a Solano abrindo sua torcida pelo vilão.
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– Isso foi muito importante para mim. Ela e Avenida Brasil elevaram o nível da dramaturgia – disse Solano à coluna de Patrícia Kogut.
O autor da nova trama, porém, garante que o telespectador não viu nada ainda. As maldades do invejoso Félix vão ir além de jogar a sobrinha recém-nascida em uma depósito de lixo e deixar a irmã desmaiada no chão de um banheiro logo depois do parto. Nem essas impactantes cenas conseguiram fazer a audiência repudiar o vilão. Pelo contrário.
– Hoje em dia, os malvadões fazem o maior sucesso – avaliou o ator, que está estudando a história do nazismo para ter mais subsídios para o papel. – A maldade todo mundo tem. O ator só deve buscar conhecer isto em si. Tenho pesquisado também sobre sedução, Maquiavel, essas coisas. O mundo do Félix é esse, maldade pelo poder – afirmou ao site oficial da novela, na Globo.com, ressaltando que ficou horrorizado com as primeiras crueldades de seu personagem.
Seu Félix, no entanto, não é composto apenas de requintes sórdidos e ar sombrio. O humor também habita o mesmo corpinho, o que o torna popular junto à audiência. Excêntrico e extrovertido, é dono de um frasismo impactante, que faz a festa dos telespectadores, viralizando nas redes sociais, e intriga os pais na ficção. A toda hora, César (Antonio Fagundes) e Pilar (Susana Vieira) o recriminam por tiradas rápidas, mas inoportunas, sobre a vida alheia.
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– Isso não é hora para suas piadinhas sem graça – criticou o pai, César (Antonio Fagundes) ao ouvir, no leito do hospital, comentários sobre mulheres ficando “molhadinhas” ao ver o corpo de Ninho (Juliano Cazarré).
– Você fala umas coisas sem nexo, meu filho – suspira a mãe, Pilar (Susana Vieira), que idolatra o filho mais velho.
Como personagem nenhum vive só de diálogos, os trejeitos afeminados tornam a interpretação de Félix ainda mais completa. Cenas como a que a mulher, Edith (Bárbara Paz), o abraça, e depois ele fica se batendo no corpo, limpando o paletó onde foi tocado, arrancam risos. Félix também dá pinta em outras ocasiões corriqueiras, como ao teclar com seu amante “Anjinho” no computador, quando realmente aproveita para desmunhecar sem testemunhas.
Depois de sete meses suportando a robótica Lívia Marini (Claudia Raia) em Salve Jorge, chegou a hora de saborear tanta riqueza de detalhes em um antagonista. Paolla Oliveira e Malvino Salvador que nos perdoem, mas Mateus Solano está – com o perdão do trocadilho – “solando” esta novela.
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Próximas maldades
Félix (Mateus Solano) já colocou o público de Amor à Vida na palma da mão. Agora, para manter a sua fama de mau, ele vai sentenciar à morte seu mais novo desafeto: Atílio (Luis Melo), o responsável pela negociação com os fornecedores do Hospital San Magno. Quando Atílio descobre que Félix está roubando a unidade médica, superfaturando os produtos, ele ameaça contar tudo para César (Antonio Fagundes), pai do rapaz e também dono da instituição. Contra a parede, Félix pede que o executivo não o delate e ainda garante que vai arrumar a bagunça. Só que arma com Maciel (Adriano Mota), motorista pitbull da família, para tirar Atílio de seu caminho. Obediente e bem pago, o motorista executa a missão: provoca um acidente de carro, deixando Atílio inconsciente. Só que o executivo não morre, para desespero de Félix. Então, o vilão decide fazer por conta própria: entra na UTI e desconecta o tubo de respiração de Atílio, que começa a sufocar. Mas uma enfermeira chega e estraga os planos de Félix. Confira a seguir os próximos passos do vilão.
– Depois de planejar um acidente para afastar Átila do hospital, Félix tentará matar o executivo sufocado, mas não irá conseguir.
– Atílio desperta do acidente desmemoriado. Félix arma para o colega sair do hospital desacompanhado. O homem fica desorientado e vira mendigo. Sua mulher, Vega (Christiane Torloni) se desespera sem saber do paradeiro dele).
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– Félix irá usar o segredo da prima, Leila (Fernanda Machado), que está dando golpe em uma amiga, para chantageá-la.
– Seguirá traindo a mulher, Edith (Bárbara Paz) com outros homens, entre eles o personagem Jacques, vivido por Júlio Rocha.
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Tal vilã, tal vilão
Carmen Lúcia e Félix Khoury são movidos pela ambição e desejo de subir na vida. A única diferença é que a loira nasceu pobre, enquanto o moço teve berço esplêndido. Confira as principais semelhanças entre os vilões.
– Crianças no lixo – Carminha deixou Rita no lixão quando a menina tinha sete anos, e Félix abandonou a sobrinha com poucos minutos de vida em uma caçamba de dejetos.
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– Sem filtro – Eles falam coisas que a maioria das pessoas censura no convívio social, como em menções à cafonice alheia e à situação financeira de pessoas humildes, por exemplo.
– Ambição desmedida – Tanto um quanto outro só pensa em se dar bem, mesmo que custe a infelicidade e o sofrimento de outros, sejam pessoas da família ou desconhecidos.
– Péssimos pais – Os filhos de ambos os vilões sofrem com a indiferença dos pais. Carminha maltratava Ágata (fazia bullying chamando a filha de gorda e desajeitada), Félix rejeita o filho, Jonathan, e chega até a quebrar o skate dele após escorregar no brinquedo.
Frases marcantes
“Meu doce”, “Meu amor”, “Meu bem” (expressões usadas para chamar a irmã que ele odeia)
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“Ele é um tipo que toda mulher ficaria molhadinha só de olhar” (falando a respeito de Ninho)
“Felix quer dizer Felicidade. Adoro meu nome.”
“Por todas as contas do Rosário, fiquei sem palavras de emoção.”
“Chamando seu irmão de touro vão achar que você é uma vaca, titia.”
“Gastei uma fábula com advogado” (sobre a libertação de Ninho da cadeia na Bolívia)
“Meu doce, nós temos uma notícia amarga” (ao comunicar a irmã, Paloma que seu bebê sumiu)
“Genética não tem nada a ver com cabelo tingido” (ao contar para Paloma que ela não é filha biológica de Pilar, Susana Vieira)
“Mamãe, não precisa abrir a lata de caviar porque eles têm alergia a luxo” (falando sobre as roupas dos investigadores policiais)
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“Esse cheiro de pobreza me irrita” (ao sair do batizado de sua sobrinha, a “ratinha”, na igreja do subúrbio)
“Eu confundo vocês, enfermeiras, todas vestidas iguais, parecem um batalhão de formiguinhas.”
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