Chama a atenção no bairro Vila Nova, na região Oeste de Joinville, o nível de organização da comunidade. Entre escolas, conselhos de saúde e de segurança, instituições religiosas, associações de pais e professores, sociedades esportivas e grupos de escoteiros, o bairro tem 48 entidades. Vinte e oito delas já estão filiadas ao Conselho de Associações do Vila Nova (Cavin), formado em 2013 e presidido pelo jornalista Adilson Girardi. Cada entidade tem dois representantes (delegados) no Cavin.

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A forma como foram definidas as cinco grandes demandas da região dá uma ideia do quanto a participação comunitária nas decisões é levada a sério. Em princípio, uma assembleia apontou os principais problemas para apresentar na série AN no Seu Bairro. Os representantes da comunidade elegeram dez temas para serem colocados em discussão. Após debate e levando em consideração os encaminhamentos já existentes nas áreas de educação, saúde, turismo rural e cultura e lazer, as lideranças definiram os cinco itens para levar ao prefeito Udo Döhler: dragagem do rio Águas Vermelhas, pavimentação comunitária, extensão da rede de água para a zona rural, trânsito e Lei de Ordenamento Territorial (LOT).

A segurança pública não entrou na lista por se tratar de demanda do Estado. Mas a comunidade não esconde a preocupação com a onda de furtos e a falta de estrutura da polícia. Após a definição dos cinco temas, uma reunião foi realizada no Sesc do Vila Nova no dia 12/12 entre as lideranças e o “AN”. Do encontro, também participou a secretária da Subprefeitura Oeste, Elenita Ramos de Souza, mostrando o nível de amadurecimento no trato das questões do bairro.

– O conselho é um facilitador do meu trabalho – afirma Elenita. Com o Cavin, criado em março, otimiza-se o trabalho.

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Em novembro, outra conquista: ficou pronto o mapa com as áreas de abrangência das sete associações do perímetro urbano e das duas da área rural. As lideranças estão, agora, indo de casa em casa para explicar como os moradores podem participar. O Cavin também vai criar grupos para acompanhar as obras no bairro, colocando os delegados para trabalhar, se envolver e ajudar cada vez mais a comunidade.

– Queremos massificar o conceito de associação porque sozinhos não se conseguem as coisas – destacam Elpídio Zimmermann, da comunidade Parque 15 de Novembro; Patrícia Eggert, recém-eleita presidente da Associação de Moradores Nova Vila; Susana Staats, presidente da Associação de Moradores do Vila Nova; Vanessa Macoppi, secretária da Associação de Moradores do Vila Nova Rural; e Adilson Girardi. Todos presentes à reunião no Sesc. * Com a colaboração de Átila Froehlich

O sentimento é de expectativa

Se o bairro Vila Nova fosse definido por um sentimento, seria o de expectativa: com o novo governo, com as obras, com o novo modelo de gestão, com a subprefeitura, com dias melhores. O ano passou e o resultado pode ser considerado bom em alguns aspectos e ruim em outros. Duas grandes obras há muito esperadas – o binário do Vila Nova e a construção da ponte sobre o rio Águas Vermelhas – foram colocadas em prática. Um novo modelo de mobilidade já começa a se desenhar na região. O binário tem previsão de entrega para janeiro.

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Mas um olhar mais analítico nas obras da ponte revelou problemas. À frente do Conselho das Associações do Vila Nova (Cavin), Adilson Girardi explica que a ponte não foi construída na altura ideal e, quando chover muito, a estrutura de concreto vai acabar represando o Águas Vermelhas, agravando as históricas enchentes na região.

Adilson afirma que o governo precisa adotar uma série de ações para resolver de forma efetiva o drama das cheias no bairro, além de projetos que minimizem os impactos com as obras do binário.

– Dos quatro quilômetros onde a dragagem precisa ser feita, só um foi concluído até agora. Amenizou a situação, tornando a vazão mais rápida, mas está longe de resolver de vez o problema – alertou.

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Novas demandas

Contentes com as máquinas na rua, muitos moradores acabam deixando um pouco de lado a cobrança pelas demais obras de infraestrutura necessárias na região, como o novo posto de saúde, cuja construção se arrasta desde 2012, os novos centros de educação infantil (CEIs), que ainda não começaram, ou as pavimentações comunitárias para acabar com a lama e a poeira.

Neste quesito, a região da Subprefeitura Oeste tem muito trabalho a fazer. O Vila Nova tem 100.462,14 metros quadrados de ruas, mas somente 29.791,29 metros quadrados são asfaltados. No quadro de ruas com lajotas ou paralelepípedos, o índice é zero.

Após a inauguração do binário, o bairro deve acordar para as outras demandas, como a necessidade de repaginação da rua 15 de Novembro e a construção de nova ponte sobre o rio Piraí, capaz de escoar a produção do meio rural sem precisar colocar as máquinas na Rodovia do Arroz.

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E é na área rural que existe um dos maiores problemas do Vila Nova: a apenas alguns quilômetros do rio Piraí, que abastece a região central e boa parte dos bairros da zona Oeste de Joinville, existe uma comunidade que não tem acesso a água potável. As quase 100 famílias da comunidade do Santo Antônio, na Rodovia do Arroz, sofrem com água contaminada pelo próprio solo, que tem excesso de enxofre e ferro. Na região, existem escola e posto de saúde. A comunidade se vira como pode: compra água mineral ou consome a água contaminada. Nem caminhão-pipa é disponibilizado para a região.

Udo anuncia construção do Parque Piraí

O prefeito Udo Döhler tem planos grandiosos para o Vila Nova. Na entrevista para falar sobre as demandas do bairro, no dia 19/12, ele mostrou detalhes do que virá a ser o Parque Piraí, que englobará um zoobotânico. As duas estruturas vão somar 1,2 milhão de metros quadrados. Na primeira etapa, segundo ele, vai ficar dez vezes maior maior que o Parque da Cidade. Quando concluído, 50 vezes maior. As obras, adianta Udo, devem começar em 2014 e serão realizadas em etapas pelos anos seguintes. O pré-projeto já está sendo trabalhado.Os recursos, a Prefeitura está garantindo junto ao BID.

No dia a dia dos moradores, os aspectos positivos do ano que se encerra podem ser traduzidos pela maior organização comunitária, que ganhou impulso com a criação do Conselho das Associações do Vila Nova (Cavin). Com o conselho, o bairro inaugurou também um novo calendário de comemorações, como o aniversário do Vila Nova e a festa para as crianças, realizadas em parceria com a subprefeitura e o Sesc. Aliás, a instalação do Serviço Social do Comércio no bairro é apontado como uma das maiores conquistas doo Vila Nova.

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As belezas da paisagem rural do Vila Nova são outro fator de orgulho para os moradores. É preocupação de todas as lideranças comunitárias que estes encantos sejam preservados e que recebam o incentivo das autoridades do setor.

* Colaborou Átila Froehlich