Uma distância de aproximadamente 30 quilômetros separa o Centro de Joinville da Vila da Glória, em São Francisco do Sul, um paraíso ecológico ainda pouco explorado e cheio de riquezas naturais, gastronômicas e históricas que se traduzem em um convite a celebrar a vida e a natureza. E é neste pequeno vilarejo que o "AN" começa série "Roteiros de Verão", que vai mostrar sugestões de passeios que podem ser feitos em apenas um dia durante as férias em Joinville e região.

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Disposta entre as montanhas do distrito do Saí, a Vila da Glória forma uma das reservas naturais preservadas mais belas na área continental de São Francisco do Sul. Cenário este que garante opções bem-vindas, como um almoço à beira-mar na Via Gastronômica, banho de cachoeira nas piscinas naturais, passeios de barco ou mesmo contação de história dos ribeirinhos e descanso diante das belas paisagens margeadas pela baía da Babitonga. Confira alguns desses roteiros e aproveite o passeio:

A largada

Para chegar até a Vila da Glória, a forma mais indicada é via ferryboat, que liga a praia da Vigorelli, em Joinville, à região montanhosa do Morro do Caju, em São Francisco do Sul. A travessia tem custo de R$ 18,90 para carros de passeio e dura cerca de 10 minutos. Durante o trajeto, é válido tirar o celular do bolso e garantir

boas fotos e selfies diante da baía da Babitonga. Para os moradores de São Chico, uma das melhores formas de chegar até a Vila também é por barco, que sai de Laranjeiras com destino ao embarcadouro Carneiro de Loyola, conhecido como Trapiche do Centro Histórico, por R$ 12. Pela estrada, o caminho é mais longo e é preciso seguir até Itapoá para ter acesso ao paraíso natural.

O quê: Ferryboat.

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Quando: todos os dias, das 6h às 21h.

Onde: Saída da praia da Vigorelli.

Mais informações: (47) 3473-1223.

Portal das Cachoeiras

Ao término da travessia, é preciso seguir por 15 quilômetros até encantadoras cachoeiras escondidas em meio à mata: da Serrinha e do Casarão. Placas indicativas estão dispostas pelo percurso, uma parte feita por asfalto e outra por estrada de chão. Nos quilômetros finais até a reserva, é possível esquecer que a mais populosa das cidades catarinenses está a poucos quilômetros dali, e o ambiente é tomado pelo cheiro do verde, o vento das árvores e o canto dos passarinhos. Principal cachoeira da Região, a cachoeira do Casarão é acessada a partir de um casarão histórico, construído em 1901, e mantido pela família Backmeyer. Para seguir até a queda-d’água, é preciso desembolsar R$ 10, destinado à manutenção do local. Passada a roleta, o visitante percorre a pé uma trilha de 300 metros, esculpida sobre as pedras e a própria vegetação. A visão final é deslumbrante: uma cachoeira de 18 metros de altura, com três piscinas naturais, uma delas com até três metros de profundidade de água cristalina.

O quê: cachoeira do Casarão.

Quando: todos os dias, das 7h às 19h.

Onde: acesso via avenida Lindolfo Freitas Ledoux e Estrada do Saí.

Quanto: R$ 10 por pessoa.

Senta, que lá vem história

Para quem deseja conhecer um pouco das histórias da região, vale sentar para uma conversa com André Backmeyer, nascido no casarão na década de 1960. Ele e sua mãe, Ana Backmeyer (ao lado do neto Elton), contam dos tempos que a família, vinda da Alemanha, chegou à região e foi uma das primeiras a se instalar na Vila da Glória.

– Meu avô veio junto de um navio de imigrantes vindos da Alemanha. Era para terem chegado ao Nordeste brasileiro, mas erraram a rota e chegaram a São Francisco do Sul. Dali, pegaram uma canoa a vela até a Vila da Glória, em busca de terras. Vieram fazendo picada, porque aqui era um matão, e nessa busca encontrou essa cachoeirinha e decidiu que aqui queria ficar — resume ele.

— Moramos no paraíso — completa a matriarca.

Que tal apreciar a boa culinária local?

Depois do banho de cachoeira, uma boa pedida são os tradicionais pratos à base de frutos do mar oferecidos pelos restaurantes e petiscarias da Via Gastronômica. Na do trapiche, promoções como pescada com molho de camarão a R$ 30 ganham os clientes. Já no pioneiro e mais tradicional restaurante da Vila da Glória, o Jaci

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Zinho Batista, o visitante não pode deixar de experimentar o rodízio de frutos do mar, composto por camarões à milanesa, no palito, ao bafo, ao alho e óleo, casquinhas de siri, filé de peixe e acompanhamentos.

– São 43 anos de atividade, em que aprendi tudo na cozinha com meu pai e avô desde que tinha sete anos de idade. Quando a família abriu, para chegar até aqui era um rali, os barcos eram pequenos. Hoje está tudo diferente, menos a comida, que manteve a mesma qualidade – brinca a proprietária Jacira Ledoux.

O quê: Jaci Zinho Batista.

Quando: todos os dias, das 11h às 19h.

Onde: rua Estaleiro, 5421, Estaleiro, Vila da Glória.

Quanto? pratos de R$ 40 a R$ 78.

O Centrinho

Um trapiche de 300 metros de extensão recepciona os visitantes vindos da Ilha de São Francisco do Sul. Ali, a paisagem desenha um belo quadro para fotos e contemplação da natureza. A poucos metros, também é possível tirar fotos no monumento "A Árvore da Vida", que mostra a figura de um druida posta na parte frontal de um carvalho, em homenagem ao Falanstério do Saí, berço da homeopatia no Brasil. Vale ainda conhecer a Igreja de Nossa Senhora da Glória, construída em 1855, a qual dá o nome à comunidade e é um dos mais antigos monumentos históricos de São Chico.

Praia Bonita

Sombreiros, área de caminhadas, areia branquinha e águas calmas. Assim é a praia Bonita, que ajuda a formar a paisagem da Vila da Glória. O local é um convite às famílias ao lazer. Banhos de Sol e jogos na areia são boas pedidas, além de uma vista aos portos de Itapoá e São Francisco do Sul. Barcos, pescadores e praticantes de stand up também ocupam a praia. Quem aproveitou para curtir o local foram o joinvilense Kleber Roberto João, 36 anos, e os dois dos três filhos dele, Rafael e Beatriz, de 11 e um ano e seis meses.

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Lugar desconhecido até por nativos

A reportagem conversou com o morador local Valdir Alves, frequentador assíduo da cachoeira do Casarão, que, uma vez por semana, vai ao local depois de percorrer cerca de 20 quilômetros de bicicleta. Encontramos ainda as amigas Tais Okada, Lara Jóia e Renata Botelho, de Londrina (PR). O trio aproveitou as férias na região para conhecer a Vila, descoberta a partir de pesquisas feitas na internet e de uma curiosidade antiga de Lara.

– Venho para Itapoá passear desde que era pequena, e é aqui do lado. Então, eu sabia da cachoeira, mas nunca tinha vindo. Aproveitamos para vir pela primeira vez e, assim como eu, muita gente que mora por aqui nem sabe ou ainda não conhece essas belezas naturais. E isso de certa forma é até bom, porque é um lugar preservado e de conexão com a natureza – considera ela.

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