Viktor Orban, um dos governantes mais polêmicos da Europa, é o favorito para obter neste domingo a terceira vitória legislativa consecutiva e consolidar na Hungria um poder “iliberal” que transformou profundamente o país.
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Admirado pela direita populista europeia e detestado pelos que o acusam de uma guinada autoritária, o primeiro-ministro húngaro busca um novo mandato de quatro anos tornar “irreversíveis”, em suas palavras, as mudanças aprovadas desde que voltou ao governo, em 2010.
As pesquisas apontam uma vantagem de 20 a 30 pontos para o seu partido, o nacional-conservador Fidesz.
Mas a oposição sonha em capitalizar o cansaço de parte dos eleitores ante as diatribes de Viktor Orban contra el bilionário Georges Soros e a “ameaça” migratória, as obsessões de sua campanha.
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O entorno de Orban foi alvo de acusações de corrupção, o que permitiu ao partido de extrema-direira Jobbik – superado pela retórica cada vez mais nacionalista do governo – apresentar-se como o partido com as “mãos limpas”.
Em fevereiro, o partido de Orban foi derrotado em uma eleição parcial municipal, quando a oposição se uniu ao redor de um candidato único.
Mas a nível nacional esta aliança é inconcebível, situação que mantém as portas do poder abertas a Viktor Orban, de 54 anos, que assumiu o conceito de “iliberalismo”, uma forma de governar que restringe certas liberdades em nomee do interesse nacional.
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Neste aspecto, Orban multiplicou as divergências com a União Europeia (UE). Em 2015, liderou o grupo de países contrário à recepção de refugiados no continente por meio de um sistema de cotas.
Seu discurso de defesa de uma “Europa cristã” ameaçada pela “invasão migratória” o transformou em ídolo da direita radical europeia, da AfD na Alemanha até a Frente Nacional de Marine Le Pen na França.
A Comissão Europeia iniciou processos contra Budapeste por leis que ameaçam uma universidade húngara financiada por Georges Soros e que reforçam o controle sobre as organizações da sociedade civil.
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Mas a família política de Orban no continente, o Partido Popular Europeu (PPE), ao qual pertence a CDU de Angela Merkel, nunca retirou seu apoio. Além disso, a Hungria jamais ameaçou abandonar a UE.
De fato, o país é um dos principais beneficiados pelos recursos europeus, que ajudaram o país a recuperar o dinamismo econômico.
Ao promulgar desde 2010 centenas de leis que reformaram todas os setores – imprensa, justiça, economia, cultura – o Fidesz de Orban, que já havia sido chefe de Governo entre 1998 e 2002, criou um novo marco jurídico e apagou os vestígios do comunismo, alegam seus defensores.
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Os opositores, no entanto, consideram que as reformas atentam contra o Estado de direito e significam um retrocesso dos valores democráticos.
* AFP