Da calçada apertada da Rua Sete de Setembro, às 19h, em meio ao ruído do trânsito do Centro de Blumenau, as palmas do “Parabéns Pra Você” soaram vazias, tristes e em tom de apelo. A aniversariante estampava um outdoor acima das pessoas que cantavam a canção.

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Neste dia 21 de fevereiro, os amigos e familiares estavam reunidos, mas faltou Bianca Wachholz, que completaria 30 anos nesta quinta-feira. Uma data que não representava apenas um ciclo de vida, mas uma meta pessoal da artista.

– A Bianca falava muito em completar 30 anos. Ela dizia que seria a melhor fase da vida da mulher. Era um sonho pra ela chegar nessa idade. A carreira estava começando a deslanchar, mas infelizmente ela não pôde viver esse momento – revela amiga, Naschara Filiponi, uma das organizadoras da vigília desta quinta-feira.

No outdoor, a frase exclama da maneira direta o que aconteceu com a jovem que aparece ao lado com expressão confiante. “Se ele não tivesse te assassinado na frente da tua mãe, estaríamos comemorando os teus 30 anos!” O “Se” que inicia a frase mostra também que o futuro planejado pelos pais para o trigésimo aniversário de Bianca, não saíram exatamente como o casal queria.

– Hoje seria um dia em que ela ia se arrumar, ia se colocar toda bonita, uma coisa que ela gostava muito de fazer. E ia sair com as amigas pra comemorar o aniversário como sempre fez. Está sendo muito difícil pra mim. É o primeiro ano sem ela. Eu não posso abraçar a minha filha e isso tá doendo muito – desabafa a mãe, Sônia Wachholz, com a voz embargada ao falar sobre a ausência da filha.

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Instituto Bia Wachholz

Pessoas ligadas à jovem designer, assassinada pelo ex-companheiro em 25 de julho de 2018, em Blumenau, trabalham para que o caso de Bianca não seja em vão. Os trabalhos são feitos através do “Instituto Bia Wachholz”, projeto tocado pelas amigas, voluntárias e pela mãe. O projeto atende vítimas de violência doméstica, que chegam desamparadas aos Cras de Blumenau (Centros de Referência de Assistência Social).

As voluntárias planejam também trazer palestrantes e empresas que possam conscientizar mulheres na situação em que Bianca se encontrava antes de ser morta. Apesar da voz emocionada e abalada pela emoção da data, surge um tom firme que demonstra força e luta.

– A partir de agora não é mais por mim ou pela minha filha, não vou ter ela de volta, mas sim pelas mulheres e pelas mães delas, para que mais ninguém passe o que eu estou passando – afirma Sônia.