Era ainda de madrugada, por volta de 1 hora desta quarta-feira, quando o vigilante Antônio Carlos Pereira, 51 anos, viu e sentiu a fumaça. Num primeiro momento, ele até achou que fosse sua mulher, Maria José de Souza, 50 anos, que estivesse fumando.
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Ela acompanha o marido nas noites em que ele atua como vigilante de uma empresa que fica perto do terminal portuário de São Francisco do Sul. Foi quando moradores e trabalhadores de outras unidades começaram a correr, que, segundos depois, seu Antônio percebeu que aquela fumaça era um grande problema. Sua mulher dormia. Seus olhos começaram a arder e a lacrimejar.
– De repente ficou tudo preto. Não conseguia ver mais nada – contou o vigilante.
A primeira coisa que ele pensou foi levar a mulher dali e sair correndo. Antônio, achando que se tratasse apenas de um incêndio, se escondeu dentro de um contêiner, usado como almoxarifado pela empresa que ele trabalhava. Ele prendeu a porta com uma barra de ferro.
– Pensei que fosse um foguinho, que estaria seguro ali dentro. Mas a fumaça começou a entrar em seguida – lembrou.
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Até perder o medo e sair do contêiner, foram três horas que Antônio e Maria ficaram ali presos. Ele colocou a mulher, que começou a passar mal, no colo, e andou, cerca de um ou dois quilômetros, até encontrar uma equipe de bombeiros.
O casal entrou na ambulância e foi levado ao hospital, onde foram atendidos e liberados: apesar do susto e de terem inalado muita fumaça – que tinha um cheiro estranho, adocicado, segundo o vigilante – eles estavam bem.
– Susto? Você não sabe o que foi aquilo. Foi desesperador. Eu não via nada. Nunca vi uma coisa como essa em São Francisco – lamentou o trabalhador.
No final da manhã ele, e a mulher foram levados para o abrigo montado na escola Claurenice Vieira, no bairro Rocio Grande. Os filhos do casal ainda não sabem onde eles estão. Seu patrão o procurou e o encontrou no hospital.
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– Acharam que eu estava morto. Não consegui falar com ninguém. Mas só deixem avisado que estou bem, Graças a Deus – disse.