Problemas sérios de infraestrutura e até de comportamento nos três prontos-atendimentos (PAs) de Joinville levaram a Vigilância Sanitária a notificar os PAs Sul, Leste e Norte. Se as melhorias não forem feitas, há risco de interdição.
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Nas notificações do PA Sul e do PA Leste, às quais a reportagem do “AN” teve acesso, são citadas a presença de medicamentos vencidos nos consultórios e de alimentos na geladeira de um consultório odontológico, entre outras irregularidades. Um servidor que já trabalhou no PA Sul e que hoje atua nos PA?s Leste e Norte relata que os médicos evitam trabalhar no PA Sul por causa da estrutura deficiente.
– Está complicado. Por isso, é comum ter furo na escala -, disse.
O profissional cita, ainda, outros fatores que comprometem o atendimento aos pacientes no PA Sul, como a sala de emergência, que, segundo ele, foi projetada para atender a um paciente, mas que atende a dois ou três ao mesmo tempo.
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Segundo ele, a demanda no PA Sul é maior porque a população da região é menos assistida e não há controle de doenças crônicas, o que aumenta os casos de emergência. No PA Norte, o funcionário conta que o único aparelho de raio x ficou 20 dias sem funcionar, além do problema com a infestação de baratas.
– Nos banheiros, são colocados panos nas saídas dos ralos para evitar que elas entrem -, explica.
Outra denúncia diz respeito à falta de farmacêuticos, já que as farmácias dos prontos-atendimentos não contam com os profissionais 24 horas. Ele relara que nos três PAs só há farmacêuticos pela manhã. Depois desse horário, apenas técnicos atuam.
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O diretor de comunicação do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Sinsej), Jean Almeida, afirma que as denúncias feitas pelo servidor e as irregularidades constatadas pela Vigilância Sanitária são reivindicações antigas da categoria.
– Além de problemas no armazenamento de medicamentos e utensílios, as roupas dos funcionários deveriam ser higienizadas por uma empresa especializada -, aponta.
Hoje, conforme Jean, os próprios servidores são responsáveis pela limpeza das roupas. Ele explica que as roupas deveriam ser cedidas limpas na entrada do serviço e devolvidas ao final do expediente, para evitar contaminação e que bactérias sejam levadas dos PAs para a rua.
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De acordo com o diretor de comunicação, esses problemas não se restringem aos PA?s, e a entidade vai cobrar que as exigências feitas pela Vigilância Sanitária sejam cumpridas pela Prefeitura. Como a notificação ao PA Sul ocorreu já no dia 24 de abril, o município tem até 24 de maio para fazer as adequações.
Secretário de Saúde afirma desconhecer notificações da Vigilância
O secretário de Saúde, Armando Dias Pereira Junior, afirmou desconhecer as notificações, mas disse estar ciente das irregularidades encontradas nos três PAs.
– O que a Vigilância pediu nós vamos adequar. Vamos pedir um prazo maior para solucionar os problemas.
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Armando reconheceu a ausência de farmacêuticos em alguns períodos, mas disse que profissionais que fizeram concurso deverão ser chamados para completar a escala de 24 horas de atendimento e, por consequência, aumentar o controle sobre os medicamentos.
Além disso, o secretário afirma que já foi iniciada a informatização das farmácias dos prontos-atendimentos. Segundo ele, também estão sendo providenciadas empreiteiras para reparar os problemas encontrados nas estruturas das unidades, como infiltrações nas paredes e as adequações para a acessibilidade de deficientes físicos.