Com um par de luvas e uma mochila de couro onde estão uma prancheta e fôlderes de prevenção, o agente Ailton Santana Bennevenute parte todos os dias a campo para uma luta que tem sido árdua: o combate à dengue. Ele é um dos 54 “soldados” da Vigilância Ambiental de Joinville que vão intensificar a guerra contra a dengue na cidade nos próximos dias.
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A expressão “guerra” não é exagerada. A doença colocou Santa Catarina em alerta no começo de 2015, quando houve a primeira epidemia, em Itajaí, com mais de 3 mil casos confirmados. Embora o registro de casos em Joinville esteja longe de configurar uma ameaça, o número de focos do mosquito nos últimos meses colocou o serviço em alerta.
São 242 focos espalhados pela cidade, a maioria na zona Sul. A dengue, doença infecciosa causada por vírus, é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Os sintomas são a febre, a dor de cabeça, as dores musculares e nas articulações, a dor atrás dos olhos e as manchas vermelhas na pele. Se não diagnosticada e tratada adequadamente, a doença mata.
– Joinville tem um clima que favorece o aparecimento dos focos – diz a coordenadora da Vigilância, Nicoli dos Anjos.
Hoje, há 45 casos de dengue na cidade. Três deles estão em investigação e 12 são de casos autóctones, ou seja, quando as pessoas foram infectadas na própria cidade.
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Cada pessoa deve ficar atenta e eliminar criadouros
A principal preocupação dos agentes é que com a proximidade de mais uma temporada de verão, quando as altas temperaturas favorecem a proliferação do mosquito, o número de focos e casos saia do controle, como aconteceu em Itajaí no verão passado. Joinville é um dos 57 municípios em situação de risco para a transmissão da dengue.
O serviço municipal, com integrantes de uma comissão formada no ano passado e integrada por membros de entidades, e a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC) estão reforçando a principal medida de prevenção: a conscientização da sociedade em relação ao ambiente doméstico livre de focos.
A fêmea do mosquito Aedes aegypti deposita seus ovos nas paredes de recipientes que tenham ou que possam acumular água parada. Cada pessoa deve ficar atenta e eliminar os criadouros potenciais.
As ações incluem também orientações sobre a febre do chikungunya e do zika vírus, outras duas doenças infecciosas causadas por vírus transmitidas pelo mesmo mosquito. O caso mais grave é o do zika, já que desde o ano passado o Brasil enfrenta uma epidemia da doença, que é “prima da dengue“. Provoca sintomas parecidos, porém mais brandos do que os da dengue: febre, dor de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas.
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O governo brasileiro confirmou a relação entre o vírus zika e a microcefalia, uma infecção que provoca má-formação do cérebro de bebês. Por isso, há uma recomendação para que gestantes não visitem áreas onde já foram registrados o zika vírus.
Lei vai multar quem facilita proliferação
Desde o ano passado, quando o Estado enfrentou o pior cenário provocado pela dengue, uma comissão de Joinville discutia uma legislação que facilitasse a fiscalização e penalizasse quem facilita a proliferação do mosquito, deixando ambientes propícios para a criação dos focos.
O texto base, proposto pelo vereador Rodrigo Fachini, foi aprovado na Comissão de Saúde e deve ser tratado em regime de urgência. Assim, sendo aprovado neste ano, já valeria para o começo do ano que vem. O texto prevê punições para quem não cumprir medidas mínimas de controle ou impeça o trabalho da fiscalização municipal.
Deixar piscinas, vasos ou ambientes propícios à criação de focos pode render multa aos contribuintes. O valor varia de acordo com o tipo de penalidade. O município ficará responsável pelos cemitérios, com fiscalização rigorosa em relação aos vasos de flores com água.
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