Um sagui albino foi flagrado em uma área de mata em um condomínio residencial de Joinville no último fim de semana e o A Notícia conversou com um biólogo do Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina para entender mais sobre a espécie, que é rara no Estado e pode causar danos ambientais.
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De acordo com o biólogo Ricardo Penteado, o animal silvestre é do gênero Callithrix e é classificado pelo IMA como espécie exótica e invasora, já que não é nativa de SC. Apesar de ter um hábito alimentar generalista, por não ser da região, pode trazer prejuízos à biodiversidade, principalmente por ser um predador.
— Hoje a gente sabe, por exemplo, que no Estado, em locais onde se tem muita ocorrência
desses saguis, consequentemente ocorre uma diminuição na biodiversidade de aves, no
número de espécies e até na quantidade, porque são animais que costumam predar ninhos para comer tanto ovos como filhotes. Ele também come diversas coisas na floresta, como frutas, mas também vai predar alguns tipos de répteis, anfíbios, aves — explica o biólogo do IMA.
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Penteado ainda reforça que, por conta dos “sérios problemas” ambientais que podem causar em território catarinense, há programas específicos de controle de espécies exóticas invasoras, como é o caso dos saguis e javalis, por exemplo.
Apesar de predadores, dependendo do ambiente em que vivem, os saguis albinos também servem como presa. Na floresta, por exemplo, onde o espaço tende a ser verde ou marrom, o animal branco acaba mais exposto e isso aumenta o nível de predação.
Olhos vermelhos caracterizam albinismo
Penteado explica que o ponto determinante do albinismo é a falta de pigmentação na pele, no caso de humanos, ou pelos, no caso de animais. E, em ambas as situações, esta condição é rara.
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Para que aconteça, há a necessidade de um par de genes recessivos que deem a possibilidade de não produção de melanina, um pigmento natural do corpo que fornece cor.
— Na ocorrência de ser um albino, pelo menos os dois indivíduos, pai e mãe, têm que transportar esse gene. Não necessariamente eles têm que ser albinos, mas pode ocorrer o que a gente chama
de heterozigose, onde o pai e a mãe têm o gene normal que sobrepõe ao gene albino. A característica deles é ser normal contra a pigmentação, só que pode ser que no processo de reprodução os dois genes recessivos do pai e da mãe se juntem e formem um albino. A chance disso acontecer é de 25% — informa.
Por outro lado, a taxa de albinismo é baixa, portanto, não significa que 25% da população é albina, mas que a ocorrência do gene albino é muito baixa. Com relação aos animais, uma característica que o identifica como de espécie albina são os olhos vermelhos.
— E não é que o vermelho seja uma cor, mas pela ausência de pigmentação nos olhos, a gente consegue enxergar o sangue dos microvasos sanguíneos que estão aparecendo atrás da retina. Então o vermelho, na verdade, é por conta do sangue, da retina do olho ser transparente não ter pigmentação — complementa.
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