Uma cena inusitada foi flagrada por turistas na Ilha do Campeche, em Florianópolis. O vídeo mostra um quati “furtando” um pacote de batatinhas de um dos visitantes da praia e, em seguida, fugindo, enquanto um homem tenta alcançá-lo. O flagra, no entanto, alerta para os prejuízos que a interação de humanos com quatis pode causar para ambas as espécies. As informações são do g1 SC.

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O momento foi gravado por Michel Cordeiro Adão, que mora em Florianópolis. Nas imagens, é possível ver o quati na areia, se aproximando da mesa dos turistas e farejando o local. Ao ver o pacote, ele o segura com as patas, puxa o objeto e o carrega com a boca.

Da invasão ao sumiço: como os quatis se tornaram símbolo da Ilha do Campeche

O vídeo mostra, ainda, os turistas tentando encurralar o animal, que consegue correr e fugir com o pacote.

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Veja o vídeo

— Foi muito despretensioso. Eu só filmei porque não é comum eu ver quati. Não costumo ir com frequência à Ilha do Campeche. Eu estava filmando o quati bonitinho. Do nada, ele pega e tenta roubar o pacote de batatas do pessoal que estava na praia — conta Michel.

Ele complementa que o turista conseguiu recuperar o saco de batatas, que foi largado pelo quati perto da mata.

Animais não devem ser alimentados

Caso sejam habituados a receber comida dos humanos, animais silvestres, como o quati, podem ficar acostumados com a prática e, inclusive, ver as pessoas como fonte de alimento. Por isso, a orientação da Polícia Militar Ambiental é de não alimentá-los. Placas na Ilha do Campeche também alertam os turistas para que evitem dar comida aos animais.

— O quati, assim como os primatas, macaco-prego, sagui, são animais que, se as pessoas ficam dando alimento, começam a ser humanizados. Então, quando eles veem o ser humano, eles acham que o ser humano é fonte de alimento. E aí, chegam para pegar uma banana, chegam para pegar um salgadinho, uma pipoca. Sendo quati, sendo macaco-prego, eles vão encontrar na natureza um tipo de alimentação. E, a partir do momento em que o ser humano começa a ofertar esse tipo de alimento industrializado, eles começam a ter problema de saúde, começam a aumentar a gordura, eles começam a ficar mais letárgicos, mais parados, fora as outras complicações que podem acabar causando — explica o biólogo Christian Raboch.

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O especialista complementa que essas doenças podem ser repassadas dos animais para as pessoas:

— Um exemplo bem danoso é, por exemplo, a herpes. Para o ser humano, pode dar uma feridinha na boca ou uma feridinha em outra parte do corpo. A herpes para o macaco-prego acaba dizimando, acaba matando. Então, às vezes, a pessoa com herpes está comendo uma banana, dá uma mordida e, depois, oferece para o macaco. O macaco pegou herpes, para ele é letal, acaba matando o macaco.

Outro ponto levantado pelo biólogo é o prejuízo que a interação com animais silvestres pode causar para as pessoas.

— O bicho está acostumado ao ser humano, ver o ser humano como fonte de alimento E, muitas vezes, vai chegar perto, vai roubar o alimento. Tem casos, por exemplo, que pega o celular, pega a bolsa da pessoa e leva embora. Fora que, às vezes, as pessoas querem pegar de volta e esse animal pode acabar se defendendo É um animal silvestre, a partir do momento que ele está acuado, com medo, ele pode acabar arranhando, pode acabar mordendo ou até mesmo transmitindo uma doença para o ser humano — diz.

O alerta também é feito pelo capitão Carlos Eduardo Rosa, do 1º Batalhão da Polícia Militar Ambiental, que pontua que os animais podem morder.

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— Se ele estiver ali disputando comida com um humano, ele vai tentar retirar essa comida de alguma forma e pode vir a morder a pessoa. Então, a primeira dica é não alimentar os animais, não alimentar nenhum animal silvestre — pontua.

Quem são os dois guardiões da Ilha do Campeche, conhecida como “Caribe Catarinense”

Apesar de símbolo, espécie é invasora

Com hábitos noturnos, o quati é um animal carnívoro. Na Ilha do Campeche, em Santa Catarina, ele é avistado nas regiões de restinga próximo à praia e no interior da mata. No entanto, segundo o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), não é possível precisar a quantidade de animais que vivem atualmente no local.

“Pela falta de predadores naturais e oferta abundante de comida, o descontrole populacional da espécie é evidente. Estima-se que a densidade da população de quatis na Ilha seja quase o dobro da população em áreas continentais, onde a espécie é nativa”, pontuou o órgão nas redes sociais.

O Iphan relata, ainda, a mudança nos hábitos do quati devido ao contato com os visitantes. Como os turistas passaram a alimentá-lo, o animal deixou de caçar e buscar alimento na mata, e passou a pedir ou roubar comida dos visitantes. Algo que traz sérias consequências ao meio ambiente.

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“Dar comida aos quatis favorece o aumento populacional, que desequilibra ainda mais o frágil ecossistema e provoca situações de stress no animal, ocasionando constantes disputas por território e alimento”, complementa.

Saiba os cuidados com os quatis

  • Não alimente os quatis;
  • Não toque nos quatis, apenas os observe e admire-os de longe;
  • Respeite os quatis e o ambiente em que eles vivem.

Confira fotos da Ilha do Campeche

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