Uma confusão entre moradores de uma casa em Criciúma e a Polícia Militar (PM) terminou com spray de pimenta e tiros de bala de borracha disparados por policiais. O caso aconteceu na noite da última sexta-feira (1º), durante uma festa-surpresa de aniversário em uma residência do bairro Comerciário. Os integrantes da família são negros e afirmam que o caso se trata de racismo.

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De acordo com um dos moradores, cerca de 20 pessoas da família estavam conversando e rindo, sem ouvir música, quando dois policiais militares invadiram a casa, deram socos na parede e mandaram todos os familiares para fora da residência, com as mãos para o alto. 

Uma moradora, na calçada da casa, teria pedido para eles saírem da residência. Em seguida, os agentes teriam cometido atos de violência, sendo que, segundo a denúncia, os próprios militares teriam mandado a mulher ir para o local. 

— Xingou a mãe dela de vários nomes, como ‘vagabunda e galinha’. Um policial foi até o carro, pegou uma arma, deu o tiro em uma das mulheres e disse que daria outros se ela não se afastasse dele — conta. 

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Ao todo, conforme a pessoa ouvida pela reportagem da NSC TV, o mesmo policial ainda atirou em outros dois homens e em uma mulher, que foi atingida de raspão pelas balas de borracha. Além disso, os dois militares teriam retirado a câmera instalada na farda para registrar as ocorrências. 

Depois, o outro PM ordenou que todos os moradores entrassem na casa e, em seguida, espirrou spray de pimenta na família, incluindo em duas crianças, de 3 e 4 anos. A mais velha, inclusive, tem hidrocefalia. Um policial teria ironizado o caso após ser informado por um morador: “Agora todos vocês são doentes, né?”, afirma a fonte ouvida pela reportagem. 

Momentos depois, cerca de dez viaturas chegaram no local. Um dos policiais desse grupo teria dito que ninguém seria preso, já que não resistiram e nem ofereceram risco. 

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— Tinha apenas um polícia descontrolado atirado em todos. Em nenhum momento, o policial disse o porquê da ação — expõe uma moradora. 

Um dos feridos pelos tiros precisou ser atendido por médicos e foi encaminhado ao hospital por equipes do Samu. A família registrou um boletim de ocorrência e cogitam ir na corregedoria da Polícia Militar para denunciar o caso. 

PM afirma que vai investigar os policiais 

Por meio de nota oficial, assinada pelo comandante do 9º batalhão, Mário Luiz Silva, a Polícia Militar afirma que abriu procedimento investigatório contra os policiais envolvidos no caso e denunciados por racismo. 

A PM, porém, cita que foi acionada ao local para atender uma ocorrência de perturbação do sossego em uma área residencial. Chegando à casa, a dupla de policiais teria ouvido som alto e diversas pessoas no pátio da residência. Em seguida, os agentes pararam a viatura em frente ao imóvel e fizeram alertas com a sirene para chamar o proprietário, mas ninguém foi atendido. 

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“O toque de sirene foi repetido várias vezes, porém, ninguém se apresentou. Diante da recalcitrância dos moradores, os policiais desceram da viatura, foram até a frente da residência e continuaram chamando os moradores, o que também foi ignorado”, diz o texto.

Os policiais então entraram no terreno e chamaram os moradores por uma janela lateral, que estava aberta. A partir daí, familiares teriam ofendido os militares e mandado eles se retirarem do terreno.  

“Por conta da desobediência e resistência dos moradores contra os policiais, foi necessário o uso de armamento não letal (munição de borracha), com o fim único de cessar a agressão e a resistência oferecida”, ressalta o comunicado. 

A nota ainda destaca que, por meio de vídeos vistos pelo órgão, não se viu falas discriminatórias ou de racismo por parte dos policiais. Entretanto, por causa das denúncias, a corporação vai investigar a conduta dos agentes. 

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Segundo a PM, cinco pessoas foram detidas e assinaram um termos circunstanciados por perturbação ao sossego e pelos crimes de desobediência e resistência.

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