Um paciente de Joinville recebeu uma homenagem especial quando deixou o hospital onde ficou internado após contrair coronavírus. Mário Graper, de 51 anos, é surdo, e a despedida do hospital foi realizada em libras. Ele deixou o hospital nesta quinta-feira (7), depois de 20 dias internado. Deste período, 13 dias foram na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital.

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Na saída da unidade de saúde, Mário deixou o local ao lado da cunhada, Suseli Oliveira Damiense. Em libras, ela conversou com ele e, em seguida, agradeceu a equipe do hospital que cuidou dele.

— Em meu nome, e em nome do Mário, queremos agradecer toda a equipe, médicos e enfermeiros, de terem cuidado dele com tanto carinho. A parte que ele ficou na UTI foi bem difícil e eu não tenho palavras para agradecer a vocês. Queremos agradecer também a Deus, por mais uma chance de vida que deu a ele de estar com a gente, em família — diz ela à equipe, traduzindo parte da mensagem em libras.

Em seguida, ela e Mário fazem o sinal de libras que significa aplauso e, depois, um coração com as mãos. Ao passar pelo corredor, levado em uma cadeira de rodas por uma profissional do hospital, os funcionários fazem o sinal de aplauso em libras e mostram mensagens escritas em um papel como "saúde", "amor", "esperança" e "cuidado".

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Assista ao momento da homenagem":

Momento de alívio para a família

Segundo Suseli, aquele momento representou um suspiro de alívio para ela, para Mário e para a família. A despedida foi preparada pelas enfermeiras do hospital, que levaram balões e fizeram as placas. Outros profissionais, como técnicos de enfermagem, funcionários do atendimento, da cozinha e da limpeza, também foram chamados para homenageá-lo.

— O período em que ele estava no hospital foi bem difícil e não havia pessoas que sabem libras, então ele tinha dificuldade para conversar. Mas ele foi muito bem cuidado, desde a internação. As pessoas que estavam na despedida, junto com os médicos, foram muito importantes. A gente sabe que eles saem de suas casas correndo o risco de serem contaminados, e temos muita gratidão por continuarem fazendo seu trabalho — comentou ela.

Mário trabalha na área de produção de uma empresa de Joinville e estava em casa desde o início do decreto de isolamento social porque o filho único, de oito anos, tem um distúrbio no coração chamado Síndrome de Woff-Parkinson-White, o que coloca o menino no grupo de risco. Por isso, a família não sabe onde Mário pode ter contraído o vírus.

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— Ele começou a apresentar vômito e teve um princípio de desmaio na sexta-feira, dia 17. No sábado, acordou febril e quase desmaiou de novo. Por isso, decidimos levá-lo ao hospital. Quando foi fazer o raio-X, passou mal de novo e decidiram interná-lo — recorda Suseli.

Dois dias depois, começaram as crises respiratórias e ele precisou ir para a UTI. Por 13 dias, ficou entubado para conseguir respirar, período que ela descreve como terrível para a família.

— Não podíamos ter nenhum contato com ele depois que ele foi internado. Antes desse vírus, quando uma pessoa ia para o hospital, você podia ir visitar, ver sua expressão. Tínhamos muito medo que não pudéssemos vê-lo nunca mais. Foi muito dolorido — conta ela.