Na ansiedade de ir ou chegar de uma viagem, muitos detalhes passam despercebidos pelos passageiros nos aeroportos. Em Navegantes não é diferente. E muito além de não prestar atenção em como tudo funciona está a parte que ninguém vê: o lado restrito, que somente funcionários têm acesso. Foram esses ambientes que o NSC Total percorreu para acompanhar os bastidores de um dia no local (assista abaixo).
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O primeiro “segredo” não é tão desconhecido assim. Depois que a pessoa despacha a mala no check in, a esteira a leva para o lado de fora, onde profissionais olham as etiquetas e separam cada uma nas plataformas das carretinhas correspondentes ao respectivo voo — sim, pode haver trocas e o objeto parar na cidade errada, mas é difícil porque o controle é feito em três etapas. Até aí, quase todos sabem. Porém, um detalhe é importantíssimo: mais que o trabalho braçal, esses colaboradores têm a responsabilidade de colocar as malas “do jeito certo” dentro dos aviões, como explica Sadi Peixoto da Silva, gerente da CCR, empresa que administra o aeroporto desde 2022:
— Não pode colocar de qualquer jeito no porão, se não desbalanceia a aeronave e ela pode cair.
Do lado de onde as malas são separadas há uma sala que passa a maior parte do tempo com a porta trancada. É a área de raio-x usada pela Polícia ou Receita Federal durante as fiscalizações no aeroporto em busca de drogas e outros produtos ilegais. Porém, normalmente as corporações já vão ao local com alvos previamente acompanhados. Ou seja: o uso do espaço não é corriqueiro.
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Veja fotos de como é a área restrita
Atrás da sessão do check in há as salas administrativas das três companhias que operam em Navegantes (Azul, Gol e Latam). É de lá que o atendimento ao cliente é feito e os “pepinos” resolvidos. Quando um voo atrasa, a informação é imediatamente repassada ao centro de controle da CCR chamado Apoc, que também tem contato direto com a torre de controle. É no Apoc que as informações do painel de voo acompanhadas pelos passageiros são inseridas e atualizadas.
O espaço é o “cérebro” de tudo. Quando o avião chega, a torre avisa o Apoc e de lá a equipe define onde o piloto deve estacionar. A aeronave precisa parar no lugar exato, dentro das linhas, sob risco de perder a cobertura do seguro caso algo ocorra. Por isso, todas as ações contam com as instruções dos balizadores. Se houver algum problema na pista, é do Apoc que partirão as ordens para a resolução do contratempo. É nessa sala também que as imagens de todas as câmeras de monitoramento do aeroporto circulam em uma enorme tela. Através dos rádio-comunicadores, nada ocorre sem que a equipe saiba.
— Navegantes tem uma característica: a taxa de ocupação das aeronaves é muito alta, os aviões aqui só andam lotados — comenta o gerente.
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Operação digna de “pit stop” da Fórmula 1
Em média, 6,1 mil passageiros passam pelo Aeroporto Internacional de Navegantes diariamente, a maioria que vem ou vai para São Paulo e Rio de Janeiro. Se há algum voo com pessoas com dificuldade de locomoção, por exemplo, é ali que será tomada a decisão de mudar as posições das aeronaves para deixar o avião em questão mais próximo do portão de embarque. Assim que o avião para, um trabalho que lembra o pit stop da Fórmula 1 começa: as malas são retiradas para que as dos passageiros que vão embarcar sejam colocadas. O avião é abastecido e, se necessário, os mecânicos dão uma checada na aeronave.
Esses profissionais passam 24 horas por dia no aeroporto. Cada companhia aérea tem a própria equipe. Dentro de oficinas discretas, às margens da pista de pouso, os mecânicos normalmente lidam com problemas semelhantes, independentemente da empresa: pneus e freios gastos. Se o motor atinge um pássaro, eles fazem uma limpeza e checam se não houve nenhum dano. À noite, a análise preventiva de óleo, freio e outros itens importantes é feita para garantir a segurança das aeronaves.
Próximo às oficinas está o quartel dos bombeiros da CCR. Poucos sabem que eles estão lá, dia e noite, mas, se precisar, os profissionais são treinados para chegar a qualquer ponto do aeroporto em até três minutos. São três caminhões que parecem ter saído de filmes de ficção — devido ao tamanho e às tecnologias —, ambulância e 11 socorristas. Por sorte, as ocorrências mais comuns são as de pessoas que passam mal. No entanto, em caso de tragédias maiores, eles certamente serão os primeiros a chegar.
Veja fotos dos “achados e perdidos” do aeroporto
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A água que a seção usa para testar diariamente os canhões dos caminhões não é desperdiçada, já que é jogada diretamente em uma cisterna e retorna para o reservatório do veículo. Essa não é a única medida sustentável e “invisível” aos passageiros. O aeroporto tem um sistema de reaproveitamento de água da chuva e dos drenos dos condicionadores de ar para abastecer os banheiros da área de embarque.
Para que todos os 25,8 mil pousos e decolagens anuais ocorram sem contratempos em Navegantes, existe todo o trabalho dos mais de mil colaboradores por trás. Assista:
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