As manifestações de revolta contra o regime do presidente Bashar Al-Assad estão sendo coibidas com violência na Síria. Um vídeo postado por um jovem estudante no Youtube, nesta sexta-feira, mostra uma manifestação na cidade de Aleppo, a segunda maior do país, sendo interrompida de forma violenta pelas forças de segurança de Assad. As imagens foram registradas dentro de um carro de uma missão de paz das Nações Unidas (ONU).
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Aleppo, distante das contestações nos primeiros meses da revolta, foi palco nesta sexta-feira “das manifestantes mais importantes”, segundo ativistas.
– Milhares de pessoas protestaram em vários bairros, apesar da repressão – de acordo com o presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
Apesar da persistência da violência e dos ataques às cidades, dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de todo o país, segundo o OSDH. Foram as maiores manifestações desde o anúncio do cessar-fogo, em 12 de abril.
As tropas do regime abriram fogo contra a multidão em Aleppo e na província de Damasco, ferindo várias pessoas. Os bombardeios também continuaram contra os postos rebeldes em Rastan e Homs, segundo o OSDH, que denuncia “o silêncio dos observadores da ONU”, enviados para monitorar a trégua.
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Os militantes convocaram as manifestações, como toda sexta-feira, para exigir a queda do regime e homenagear os “heróis da Universidade de Aleppo”, em referência aos estudantes da cidade que se mobilizaram na presença das forças de paz. No dia 3 de maio, quatro estudantes foram mortos pelas forças do governo na Universidade de Aleppo, centro da mobilização.
Apesar das violações sistemáticas do cessar-fogo, as grandes potências se agarram ao plano Annan, na falta de um plano B, segundo diplomatas. A missão da ONU de supervisão (MISNUS) terá em breve sua força total (300 observadores militares), mas os ocidentais já não consideram mais a renovação do mandato de 90 dias, que termina em 21 de julho.
Esta missão se tornou especialmente delicada com os ataques mortais reivindicados por facções obscuras, além da violência diária. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, culpou na quinta-feira a Al-Qaeda pelos recentes ataques. Com forte apoio do governo da Rússia, a resolução da crise parece mais remota com as divisões que surgiram recentemente na oposição, já fragmentada.