Na manhã desta segunda-feira, enquanto uma comitiva joinvilense acompanha a abertura das propostas para a duplicação do trecho da BR-280 entre o Porto de São Francisco do Sul e a BR-101, em Florianópolis, milhares de pessoas estarão percorrendo os 37 quilômetros do lote com a mesma apreensão do caminhoneiro David Leal. Para fazer o trecho três vezes por semana, ele recorre à frase “E livrai-nos do mal”, pintada na parte de trás do seu veículo.
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Leal ajudou a reportagem de “A Notícia” a registrar alguns dos problemas estruturais da rodovia e os riscos que motoristas, carroceiros, pedestres, ciclistas e moradores correm todos os dias. De carona na cabine do caminhão, a equipe de “AN” pôde entender melhor como é levar um veículo pesado pelo asfalto não duplicado e cortar zonas urbanas movimentadas e cheias de armadilhas.
Situações que parecem de solução simples, como parar o veículo em um curto espaço de cinco ou dez metros ou descer do carro para ver se um pneu estourou ou está murchando, tornam-se tarefas de alto risco para caminhoneiros – ou para quem estiver na frente do caminhão.
– Trafegar todos os dias aqui é complicado. O pessoal que usa a estrada não dá valor à vida. Mas a rodovia, em si, também não passa segurança – diz Leal.
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Entre os pontos de atenção destacados por Leal, estão o trânsito pesado e a interferência de muitos tipos de veículos, especialmente em áreas urbanas. Durante o trajeto, foi possível ver uma patrola dividindo o espaço com os caminhões, no acostamento, enquanto um carro faz uma ultrapassagem em local proibido. Em outro ponto, pedestres e ciclistas andavam sobre o asfalto sem sequer olhar para o lado. O problema piora na temporada de verão com o movimento de turistas.
– A gente que está andando ali sempre percebe que muita gente coloca a vida em risco por causa de uma ultrapassagem.
A duplicação da estrada é considerada por Leal a principal medida para conter os acidentes e as mortes. Mesmo assim, segundo ele, é preciso que motoristas, pedestres, ciclistas e moradores também façam a sua parte, redobrando a atenção.
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– Mesmo assim, ainda há perigos. Por isso coloquei a frase “E livrai-nos do mal” no caminhão. Por enquanto, só Deus mesmo para livrar a gente de acidentes nesse trajeto.
