Era pra ser mais uma colheita de rotina, neste apiário que fica na localidade de Rio Bonito, em Mafra. Mas milhares de abelhas estavam mortas nas colmeias.
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Confira o vídeo das abelhas mortas nos apiários de Rio Bonito, em Mafra:
O vídeo foi feito pela esposa do apicultor Alcides Frogel, há alguns dias. Depois deste apiário, outros cinco também foram encontrados nesse estado. Foi preciso inutilizar 150 colmeias e, com isso, o apicultor perdeu três toneladas de mel; um prejuízo calculado em mais de R$ 50 mil.
– A gente ainda não foi em todos os apiários ainda e com certeza vai ter mais alguns com problemas – comenta Alcides em entrevista para a NSC TV.
Os casos de mortalidade em massa de abelhas também foram registrados em Major Vieira, Itaiópolis, Papanduva e Canoinhas, locais onde o também apicultor Alceu Tomporoski encontrou milhares de abelhas mortas. Ele perdeu dez colmeias e o prejuízo ficou em torno de 10 mil reais.
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Mas ainda há uma outra preocupação: a contaminação para outros apiários.
– As abelhas de fora também estavam puxando esse mel e isso é muito grave porque se for problema de veneno, eles levam pra outras famílias e todas podem morrer, não só aquela família ali – completa Alceu.
A suspeita dos apicultores é de que a morte das abelhas aconteceu por intoxicação de agrotóxicos e inseticidas das lavouras que ficam no entorno dos apiários. A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Cantarina (Cidasc) já colheu amostras de abelhas e dos favos de Mafra, Canoinhas e Major Vieira para análise e pretende fazer uma pesquisa de precaução de riscos se houver a confirmação de contaminação por produtos químicos.
– Vindo esse laudo e se confirmando a nossa expectativa de agrotóxico ou inseticida, será feito um trabalho em conjunto com o Ministério Público e com outros órgãos ambientas, como o Instituto de Meio Ambiente (IMA) também, para a pesquisa – afirma Fernando Bilinski , coordenador de pecuária.
O laudo deve sair no começo de fevereiro dias. O presidente da federação catarinense também enviou amostras de abelhas e favos para serem analisadas por especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O resultado deve sair em dez dias.
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A federação orienta que o apicultor faça um Boletim de Ocorrência na polícia e a federação vai tomar as medidas junto aos órgãos de meio ambiente. Se o produto for proibido, a gente vai entrar com a ação no Ministério Público. Se o produto não for proibido, nós vamos ver junto aos órgãos oficiais de Santa Catarina de meio ambiente – explica Almir de Oliveira, presidente da Federação Catarinense de Apicultores.
Destino da produção de mel
Na região, onde os apiários foram atingidos, são de mais de 200 apicultores. Do total produzido, 90% vão para Alemanha e Estados Unidos. Apenas 10% ficam no mercado interno. Com a suspeita de contaminação, vem também a preocupação com o destino do mel que está sendo colhido.
Por ano, a produção de mel no Planalto Norte do estado movimenta cerca de R$ 200 mi
– Se esse mel chegar contaminado à Europa, nós podemos perder a nossa certificação orgânica de mel e isso é o que traz o valor dobrado da nossa produção, tanto nos Estados Unidos quanto Europa. E daí nós vamos perder todo esse mercado da Europa. O prejuízo vai ser maior do que imaginamos, sem contar a produção dessa safra que ainda não terminou. Ela não foi mandada. Pode ser que já tenha mel contaminado nos entrepostos e não tem como identificar, às vezes – finaliza Almir.
O apicultor Alceu exporta, em média, dez toneladas de mel orgânico por safra, e, agora, teme em perder o mercado internacional.
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A gente não tem nem ideia do que vai acontecer. E se esse problema for relacionado à agrotóxico, o pessoal que importa o mel brasileiro vai suspender automaticamente toda a nossa compra – conclui Alceu.Confira a matéria exibida na NSC TV