O aborto da menina de dez anos que engravidou após ser estuprada pelo tio no Espírito Santo motivou a joinvilense Annabel do Nascimento Machado a produzir um vídeo em que pergunta: “Você lembra como é ter 10 anos?”. Em menos de 24 horas, o vídeo ultrapassou 2 milhões de visualizações. Mesmo que este seja um dos assuntos mais comentados dos últimos dias no Brasil, Annabel se surpreendeu: ela não imaginava que sua mensagem sobre empatia alcançaria repercussão nacional.
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Em 20 horas, o vídeo de Annabel foi visto mais de 2,5 milhões de vezes, além de receber interações e compartilhamentos de páginas verificadas e perfis famosos.
A mensagem que a criadora de conteúdo quis deixar é simples:
– Antes de julgar o outro e apontar o dedo para outra pessoa, precisamos olhar para a gente e ver o que podemos fazer para mudar as coisas. Deve prevalecer o respeito por todas as religiões, todas as pessoas e o amor ao próximo – ressalta.
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No vídeo, Annabel fala sobre a própria infância, detalha sua rotina aos dez anos e traz imagens de momentos importantes desse período. Em comparação com a menina violentada pelo tio, Annabel questiona:
– Eu fico me perguntando se um dia os desenhos, as cartinhas, as brincadeiras, as paixões, o Thiago, a Juju e toda a minha alegria, que era viver, sumissem? E, no lugar, viesse dor, estupro, medo, sangue, choro, lágrimas e tristeza? E minha vida mudasse para sempre? E eu fosse morta por dentro com só dez anos de idade? – indaga Annabel na publicação.
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Segundo a criadora, a principal ideia era fazer com que as pessoas que o assistissem se colocassem no lugar da criança que foi vítima do crime.
– A palavra “empatia” está em alta, mas as pessoas não conseguem colocá-la em prática – pontua.
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Confira a publicação:
Roteiro criado durante a madrugada
Annabel conta que estava inquieta com o assunto, mas que não havia se posicionado porque a fragilidade do tema não a fazia se sentir bem. Foi quando a criadora começou a analisar os comentários a partir do assunto e assistiu ao vídeo de religiosos que se manifestaram contrários à decisão de interrupção da gestação da vítima em frente ao hospital onde a menina realizava o procedimento cirúrgico, em outro estado brasileiro que não foi divulgado para proteger a criança.
– Pensei que, mesmo que eu seja uma micro influenciadora, eu preciso me posicionar diante dos meus seguidores – destaca.
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Durante a madrugada da última segunda-feira (17) Annabel não estava conseguindo dormir. De tão inquieta que o assunto a deixava, ela resolveu levantar e escrever o roteiro no meio da noite. Segundo ela, as ideias foram surgindo e o texto nascendo a partir das melhores lembranças de sua infância.
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A joinvilense já criava conteúdo para a internet, mas o máximo de visualizações que havia atingido era 60 mil.
– Eu imaginava que poderia ter um alcance semelhante, mas ainda menos. Não imaginava que teria tanto compartilhamento assim, e tão rápido – comenta.
Atualmente, Annabel é produtora de conteúdo independente e tem as redes sociais como uma fonte de renda secundária.
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