A dor da partida prematura de quem se ama uniu famílias em torno de um único propósito na manhã deste sábado. Amigos e parentes daqueles que perderam a vida em acidentes de trânsito na BR-470 fizeram uma manifestação cobrando justiça. Não bastasse o vazio da perda, precisam lutar para ver os responsáveis pelas mortes pagarem pelos crimes.
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Na Catedral São Paulo Apóstolo, em Blumenau, uma espécie de missa de sétimo dia. Uma data carregada de tristeza e saudade pela partida de Amanda Grabner Zimmermann, 18 anos, e Suelen Hedler da Silveira, 21 anos. Elas estavam em um carro que foi atingido por outro veículo que invadiu a pista contrária. A colisão foi no último sábado na BR-470, em Gaspar.
– É difícil porque a gente nunca espera que meninas novas assim morram. Queremos que a justiça seja feita. A dos homens pode até demorar, mas a de Deus não falha – disse Anita Rieve, avó de Amanda.
Nesta manhã, não só conhecidos das vítimas fizeram uma oração. Cada qual do seu jeito, parou no entorno da escadaria e fez uma prece para que episódios como o do fim de semana passado não se repitam. A dor de ver um filho, pai ou irmão partir de forma precoce e abrupta está presente nas famílias das 470 vítimas fatais nos últimos cinco anos na BR-470, somente no trecho que corta o Vale do Itajaí.
Maria de Loures Fernandes não conhecia as vítimas do último sábado, mas convive com a dor da perda e da injustiça há 23 anos. Ela tem na ponta da língua a data em que o marido morreu, aos 46 anos, quando voltava de Rio do Sul para Blumenau, onde o casal morava. Um caminhão, segundo ela, tentou fazer uma ultrapassagem e atingiu o carro do marido, que morreu no hospital. O filho, na época com 16 anos, ficou internado e sobreviveu.
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– Ele (o motorista do caminhão) fugiu e nunca teve julgamento. Eu sei como é. Por isso, vim aqui deixar um abraço e energia boa. Porque tem que continuar vivendo – afirma Maria.
A missa de sétimo dia de Amanda será neste sábado, às 19h, na Paróquia Santa Terezinha, no bairro Escola Agrícola. Já a de Suelen está marcada para as 19h30min na Paróquia Santo Estêvão, no Salto Norte.
– A gente vê tantas pessoas respondendo processo em liberdade, isso não é justo. Então quando sabe que tem culpa, foi preso em flagrante, não pode ficar solto. É tornar um legado, para que todas as vítimas tenham essa visibilidade e que a PRF deixe de ser omissa – defendeu Gabriela Zwang, amiga de Amanda e uma das organizadoras da manifestação.
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