Sentado em frente a um pequeno piano branco, o jovem palestino Aeham Ahmad queria inspirar os refugiados que, como ele, viviam em uma Síria controlada pelo Estado Islâmico. As notas que saíram de seu piano, no entanto, foram muito além e chegaram a uma sala de aula de Joinville: na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, os alunos da 3ª série conheceram a história de Aeham e criaram uma música pedindo o fim das guerras.
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Os vídeos de Aeham nas ruas de Damasco – recém bombardeada e reduzida a destroços – sensibilizou a pianista e professora de educação musical Semitha Cevallos enquanto ela pesquisava, justamente, assuntos atuais para trabalhar em sala com os alunos. Após dois semestres aprendendo conceitos básicos de teoria e história musical, era hora de os estudantes colocarem o conhecimento em prática.
– Eu gosto de trabalhar temas contemporâneos e relacioná-los à arte, de fazer com que ela não seja apenas apreciação estética – analisa Semitha.
Ela colocou-se no lugar do músico, que dava aulas para as crianças da cidade naquele pequeno piano mesmo sob a ameaça dos radicais islâmicos, enquanto ela trabalha em um piano de cauda e tem estrutura com TV, DVD e instrumentos de percussão para ensinar. A mesma conscientização foi trabalhada com os alunos.
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– Eles estão no começo da adolescência, ainda não sabiam muito bem o que estava acontecendo. Perceberam que, enquanto aqui estamos reclamando da demora na fila do lanche, lá as crianças refugiadas estão em filas muito maiores para poderem se alimentar – conta a professora.
A canção Guerras Nunca Mais foi criada de forma coletiva entre as aulas das meninas e dos meninos. Depois, a pianista Kathleen Gonzalez fez a melodia para a letra e um terceiro pianista da Escola Bolshoi, Eduardo Boechat, fez a gravação e as legendas em inglês e árabe.
O vídeo entrou no ar na segunda-feira e já chegou ao seu homenageado: pelo Facebook, a professora e os estudantes entraram em contato com Aeham, que atualmente é refugiado na Alemanha depois de ter que fugir da Síria sob ameaças de morte do Estado Islâmico.
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– No dia da gravação, enquanto nos preparávamos, alguns alunos vieram contar que já tinham o avisado sobre o vídeo. Ele assistiu e disse que ficou muito emocionado e grato – diz Semitha.