O operador de máquinas Edson Mazzochi, 26, foi preso em Águas Mornas, munícipio Grande Florianópolis, na noite do dia 8 de fevereiro, quando vagava pelas ruas após ter consumido álcool e drogas. Ele afirma que foi espancado e amarrado por policiais, humilhado e levado sem motivo. Na delegacia de Santo Amaro da Imperatriz, de acordo com Edson, um dos militares teria feito uma gravação dele, e as imagens foram parar nas redes sociais. A partir de então, Edson foi confundido com o suspeito de assassinar a bebê Yasmin Lima da Rosa, de 10 meses, morta em Palhoça no dia 7.

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No vídeo, Edson aparece de cueca, com ferimentos e amarrado pelos pés e mãos com uma corda. Ele está sentado em um banco pedindo por água e um policial militar está de pé ao seu lado.

Edson procurou a Hora no dia 13 de fevereiro para relatar o caso. A reportagem esteve na casa dele em Águas Mornas, e acompanhado da esposa, ainda bastante machucado, ele conversou com a reportagem.

Discutiu e teve recaída

Edson conta que naquele domingo chegou em casa do trabalho e discutiu com a esposa. Saiu de carro e utilizou álcool e drogas. O veículo quebrou e alguns homens vieram para agredi-lo. Ele teria corrido para fugir quando foi abordado pelos policiais:

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– Admito que errei ao usar as drogas, e já tive passagem pela polícia por receptação. Mas não justifica ficarem filmando e esse vídeo ir parar na internet como se eu fosse um assassino e estuprador de criança. Não tenho mais paz, estou saindo de casa só para trabalhar e com medo de perder o emprego ou que aconteça alguma coisa comigo ou com a minha família.

Esposa recebeu o vídeo pelo celular

A esposa de Edson recebeu o vídeo no dia seguinte ao acontecido, quando o marido já estava em casa, pois foi liberado na mesma noite.

– Levei um susto, uma amiga me mandou pelo celular. Ele ficou internado para se tratar das drogas, e já estava há oito meses limpo. Tivemos uma briga e ele teve essa recaída, mas eu sabia que ele não tinha nada a ver com essa história, a gente nem estava sabendo da morte da bebê – disse.

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Edson já registrou um boletim de ocorrência da Delegacia de Polícia de Palhoça, fez denúncia na Corregedoria da Polícia Militar e passou por exame de corpo de delito no Instituto Geral de Perícias.

Entenda:

– No dia 9 de fevereiro começaram a circular rumores na internet da prisão do suspeito de matar a bebê Yasmin em Santo Amaro da Imperatriz.

– Familiares da menina chegaram a publicar o vídeo da prisão, em que na verdade estava Edson. Dias depois, quando souberam do engano, o vídeo foi retirado do ar. Mas já era tarde. De acordo o registro feito por Edson no cartório e na Corregedoria da Polícia Militar, a gravação teve 26.522 visualizações e mais de 300 comentários, muitos com conteúdo ameaçador.

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– O verdadeiro suspeito, Lindomar Palhano, namorado da mãe da criança, se apresentou à Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso de Palhoça ( Dpcami) no início da noite do dia 14 de fevereiro, onde foi preso preventivamente. Ele alega que a menina caiu da cama.

Corregedoria da Polícia Militar vai investigar

A reportagem enviou o vídeo para a Polícia Militar. Segundo o major João Batista Réus, que responde pela comunicação social da Polícia Militar, diante dos fatos e da denúncia feita por Edson à Corregedoria, as supostas irregularidades na prisão do homem serão averiguadas. A corregedoria também vai investigar se foi um PM que filmou e divulgou o vídeo. O oficial afirmou ter assistido o vídeo e esclarece que a resistência à prisão deve ser levada em conta.

– A corregedoria tem um prazo legal de 40 dias prorrogáveis por mais 20 para investigar a ocorrência. Se for comprovada alguma irregularidade a punição pode ser no campo administrativo. Sobre a divulgação das imagens, os responsáveis estão sujeitos as leis que regulam as mídias digitais – explicou.

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Assim, o prazo inicial para concluir a investigação é 24 de março. Se houver prorrogação de 20 dias, a data para finalizar a denúncia é 14 de abril.