A catarinense Julia Barni, de 23 anos, viralizou pela terceira vez dançando com o pescoço virado nas redes sociais. A jovem tem 5 milhões de seguidores no TikTok, 588 mil no Instagram e 121 mil inscritos no Youtube. 

Continua depois da publicidade

Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Julia é estudante de Educação Física da UFSC, professora de dança e, atualmente, criadora de conteúdo nas redes sociais. Natural de Florianópolis, conta que o sucesso veio do dia para a noite. Após publicar um vídeo dançando com a “cabeça virada” em quase 180°, recebeu milhares de visualizações e compartilhamentos. Até o rapper norte-americano Snoop Dogg repostou o vídeo na sua conta oficial. Hoje, a postagem possui 45 milhões de visualizações e 3 milhões de curtidas. 

Desde então, Julia conta que já viralizou em outros dois momentos. Um deles foi com as imitações dos personagens de CupHead, um jog clássico de tiros e ação. O último, no início de agosto, novamente dançando com o pescoço ao contrário, quando estava em uma casa com vários influenciadores, a Wix House. 

Além dos números de seguidores, as redes já abriram algumas portas para Julia, que pode coreografar o clipe de “Lalala”, das cantoras Tainá Costa e Loud Thaiga. 

Continua depois da publicidade

Nas redes sociais, Julia Barni coleciona apelidos, desde “rainha do CupHead”, até “Menina da Camisinha de Chocolate”, passando por “Mulher Coruja”, “Pescoço Torto”, “Exorcista”, entre outros. Os nomes fazem referência aos conteúdos de humor e dança que a estudante publica. 

Vendedora perde indenização após publicar dança no TikTok

A habilidade inusitada, de virar o pescoço para trás, é algo que descobriu na infância. Após ver o filme do “Exorcista” junto com a família, Julia tentou imitar a personagem Regan MacNeil, reproduzindo a cena em que a menina olha para trás sem mexer o corpo. Os familiares ficaram assustados e adoraram a habilidade. 

— Quem já me conhece, meus amigos, minha família, já estão cansados de me ver virando o pescoço. Por isso, era realmente uma coisa que eu não esperava que fosse viralizar — comenta Julia.

Melhores horários para postar no TikTok

A estudante ressalta que só faz o movimento porque realmente não sente dor e alerta:

— Se você estão tentando em casa, gente, não forcem o corpo de vocês. O corpo tem limites.  

Em vídeo, catarinense explica como vira o pescoço

Confira a entrevista com Julia Barni, a tiktoker que dança com o “pescoço virado”

Hora de SC: Quando começou o seu interesse pela dança?

Continua depois da publicidade

Júlia: Desde que eu saí pra esse mundo eu já gostava de me mexer. Eu comecei a fazer aulas em 2009, eu tinha de nove para 10 anos, no Colégio Gardner. Eu comecei já a despertar o meu amor pela dança a partir dali. Danças urbanas, street dance. Eu gostava muito de hip-hop. Era um cotoquinho de gente assim dançando bem brava, mas eu gostava bastante. E desde então eu não parei mais. Já dei aulas e estou prosseguindo ainda na carreira como professora também.  

Você começou a fazer sucesso nas redes sociais em 2020. Como foram os meses inicias da pandemia para você?

De início foi bem complicado, porque, como aconteceu a pandemia, eu acabei perdendo a bolsa da universidade, que é onde eu dava aula, e o restaurante universitário, onde eu me alimentava. Então acabou ficando um pouco complicada a situação financeira. Eu tive que voltar para Vidal Ramos, cidade natal dos meus pais, e voltei a morar com eles. Lá eu estava com só um aluno. Além da bolsa, eu tinha meus alunos também. Mas só um deles estava fazendo aulas on-line. 

Estava bem triste a situação e eu pensei: “Vou começar a fazer uns vídeos para divulgar o meu trabalho, como professora e como dançarina”. Nunca imaginei. Hoje eu uso na verdade a internet como ferramenta de trabalho. De início era pra divulgar o meu trabalho com a dança, mas acabei também viralizando com umas coisas aleatórias, como o pescoço virado e o CupHead. Então agora o nicho é dança e humor também. 

Continua depois da publicidade

Eu tive três picos, eu acredito. Eu criei o TikTok em outubro de 2020, fui fazendo uns videozinhos. Meu primeiro hype foi em abril de 2021, que eu viralizei com o pescoço virado. Do nada eu fiz uma live que bombou, e aí pensei “vou postar um vídeo com uma dancinha bem” [simples]. Mas eu virei o pescoço com essa dancinha que estava viralizando no TikTok e no dia seguinte acordei e tinha milhões de visualizações. O SnoopDog repostou no Instagram dele. Foi bizarro isso. Teve esse pico e depois teve outros que eu imitei uns bonequinhos de jogo que também deu um hype, acho que foi o maior até então. E agora recentemente novamente com o pescoço virado.  

Julia Barni
Reprodução Instagram / Julia Barni (Foto: Julia Barni descobriu que conseguia virar o pescoço após assistir o filme “Exorcista”)

Você consegue virar o pescoço desde nova. Como você descobriu que tinha essa habilidade?

Eu acho que eu faço isso desde sempre. Mas eu tenho leves memórias de que uma vez a minha família estava toda em conjunto assistindo ao filme do “Exorcista”. Eu tinha seis ou sete anos de idade, eu acho que eu me traumatizei um pouco mas eu vi a cena que ela vira o pescoço. Aí eu tentei imitar e a minha família ficou boquiaberta quando viu eu fazendo aquilo. Então toda reunião de família eles sempre pediam para eu virar o pescoço. Quem já me conhece, meus amigos, minha família, já estão cansados de me ver virando o pescoço. Por isso, era realmente uma coisa que eu não esperava que ia viralizar. Porque pra mim é tão comum e não dói nada também. Algumas pessoas da área da saúde já mencionaram que eu posso ter hipermobilidade. Não é uma coisa boa, eu tenho que cuidar dos músculos do meu corpo, tenho que me alongar e cuidar da alimentação. Mas eu nunca fui diagnosticada, nunca fui atrás para saber de fato se eu tenho hipermobilidade.  

E realmente não dói para virar o pescoço?

Curiosamente, o lado esquerdo não dói nada. O lado direito, se eu faço, dói um pouco um pouquinho, então eu não faço. Eu só faço porque realmente não dói. Se você estão tentando em casa, gente, não forcem o corpo de vocês. O corpo tem limites.  

Continua depois da publicidade

E o que os seus alunos acham dessa habilidade?

Eles tentam imitar, mas não tem muito sucesso. Eles também sabem dos limites. Eles fazem e se falam que está doendo, eu digo para terem calma. Mas eles gostam. E eu já consegui alguns alunos que me conhecerem por causa da internert. Acho que eles gostam de saber que a professora deles é tiktoker.  

Acesse o Guia das Eleições 2022 do NSC Total 

Atualmente, qual o seu vídeo mais visto?

É um de pescoço virado, que eu dancei uma música de funk, que curiosamente viralizou fora do Brasil. Por isso muita gente não sabe desse vídeo. Eu não sei o que aconteceu que viralizou para fora. Sou eu virando o pescoço e fazendo uma dancinha brasileira e tem 75 milhões de visualizações aquele vídeo.  

De onde você tira inspiração para as danças e imitações?

Eu consumo bastante o TikTok. Eu olho e se tem algum vídeo que dá para eu me inspirar, eu salvo. Eu tenho um bloquinho de notas que às vezes eu coloco ali para fazer alguma coisa. Eu vejo as trends e tento adaptar elas pro meu nicho. Seja para a dança, seja para o humor ou para o pescoço. 

Em alguns vídeos, que fizeram muito sucesso, você imita bonecos em jogos, como você disse, os CupHeads. Quanto tempo demora para você aprender e gravar um vídeo desse tipo?

Continua depois da publicidade

Para fazer um vídeo daquele, eu demoro sempre uma tarde inteira. Eu tenho que pegar exatamente os movimentos, estudar na música e editar, que é a parte mais chata e mais complicada. Precisa fazer exatamente no momento certo, nos milissegundos certos. Além de pensar no “cospobre”, tentar usar umas roupas parecidas, mas dentro do que eu consigo. Foi muito grande a viralização desses vídeos. Eu acho que eu fiz um total de 15 desses. Todo dia eu fazia um e ia subindo. Todos eles davam mais de 30 milhões, 40 milhões de visualizações. Foi muito doido. Isso quando eu estava de férias da faculdade. 

Por que as eleições de 2022 se tornaram tão importantes para a democracia brasileira

Você foi a coreógrafa oficial de Lalala da Loud Thaiga com a Tainá Costa. Como foi essa experiência?

Foi uma das minhas primeiras conquistas como influencer e como professora: ser coreógrafa de pessoas grandes e pessoas que eu já admirava. A Tainá Costa e Thaiga são duas mulheres maravilhosas. Eu fiquei muito feliz quando fiquei sabendo. Hoje a gente é amiga, eu e a Thaiga, é um amorzinho de pessoa. A partir delas eu percebi que abriram algumas outras portas, como professora e para fazer alguns workshops, algumas danças. Eu gosto bastante de trabalhar como dançarina e como digital influencer. São duas coisas que eu amo muito então juntar as duas coisas é melhor ainda!  

Depois que os vídeos viralizaram, isso impactou a sua rotina e a sua vida fora das redes?

Absurdamente. Querendo ou não, a criação de conteúdo tira bastante tempo. Eu tomo bastante tempo dos meus dias para poder me dedicar à internet. Semestre passado eu estava na faculdade, dando aula de dança e criando conteúdo. Foi caótico. A minha rotina tem mudado, tenho conhecido pessoas maravilhosas, tive experiências que eu nunca imaginei. Eu pude usufruir de coisas que eu nunca imaginei que poderia usufruir graças à internet, graças à parte financeira. Eu poder viajar e poder conhecer outras pessoas, poder andar de avião, poder andar mais de uber são coisas que estão sendo bem interessante. Tem também a questão de poder conhecer pessoas que eu seguia na minha adolescência, influencers e tals, pessoas que eu sigo na internet que me seguem, e poder trocar ideia com elas. Eu espero muito poder me mudar. Eu gosto muito de Floripa, mas eu penso alto, eu quero sair, viajar, quero ser dançarina profissional de artistas e criar conteúdo. É muito gratificante, fico muito feliz mesmo.  

Continua depois da publicidade

Você já foi reconhecida na rua?

Sim. E é cada vez mais comum. É muito legal ver as pessoas às vezes olhando espantadas, às vezes até se a pessoa está olhando pra mim e eu tenho a troca de contato eu dou “oi” e depois a pessoa pede pra bater uma foto com ela. Eu fico muito feliz. É claro que também vai depender do contexto em que eu estou. Meu conteúdo muitas crianças e adolescentes consomem, então quando eu estou no shopping é muito legal que as pessoas vão, batem foto, às vezes vem em grupinhos. Se eu estou em um “rolê” universitário também, as pessoas mais da minha idade, maiores de idade. É muito legal ser reconhecida e tem acontecido com maior frequência. 

E quais são os seus próximos passos?

Crescer nas redes sociais. Eu tenho o foco agora de crescer no Instagram. Eu gostaria muito de algum dia poder ser dançarina em palcos de outros artistas. Eu amo ser professora, mas eu gosto de estar em cima de um palco e eu sinto saudade dessa sensação. Então quem sabe, eu acredito que algum dia eu vá pra São Paulo, porque as oportunidades lá são maiores e estando lá meu networking também vai aumentar. A minha ideia é focar nas redes sociais agora. Penso que eu vou trancar minha faculdade, vou pra São Paulo passar um mês lá e gostaria de fazer aulas de dança com outros professores que eu admiro. E continuar também seguir com a minha criação de conteúdo e tentar crescer nas redes sociais. E quem sabe um dia um verificado (risos). 

Leia também 

“Foto Random”: aprenda a fazer a colagem que viralizou no TikTok e no Instagram

Ator Paulo Vasilescu lança série repleta de humor e crítica à rede social em Florianópolis

Políticos intensificam gastos em SC com anúncios no Facebook; veja top 10