O aparecimento de mariscos em praia de Balneário Rincão, no Sul de Santa Catarina, expõe o aumento da poluição, conforme analisa o oceanógrafo e pesquisador da UFSC Paulo Horta. Em vídeo divulgado pela prefeitura da cidade, é possível ver os milhares de animais mortos na areia da praia. A situação aconteceu na noite de domingo (26).

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— Normalmente essas mortalidades podem estar relacionada a doenças ou ao processo de aquecimento, que combinado com a poluição acaba diminuindo o oxigênio das populações. É uma análise que deve ser feita de forma imediata. Um evento como esse e que a gente não sabe o que aconteceu, é muito grave. É importante que haja o monitoramento dos nossos sistemas — explica.

Conforme explica o especialista, o avanço da poluição e o descaso com o meio ambiente aumentam a vulnerabilidade dos sistemas atmosféricos, principalmente nos oceanos, que vão perdendo a capacidade de produzir oxigênio e, eventualmente, pode ter essa produção acabada — o que ocasiona a extinção das espécies, caso aconteça.

— Nós já estamos vivendo esse processo de extinção em massa, se não mudarmos profundamente a nossa relação com os ambientes naturais esse processo pode vir a se acelerar. É importante que a gente se sensibilize para que tenhamos mudança nas formas como nos relacionamos com os sistemas e os animais — afirma.

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Segundo a prefeitura da cidade, a situação pode ter relação também com a maré vermelha, que ocorre devido à aglomeração de algas em ambientes de encontro entre o rio e mar.

— Isso acontece por conta da disponibilidade de nutrientes dissolvidos, fertilizantes na água, resultado da mineralização da matéria orgânica que vem do saneamento básico ineficiente ou deficitário. Esse processo vai colocando poluentes na água e as algas se valem desses nutrientes, crescem muito mais do que o normal e produzem essas populações abundantes [maré vermelha]. E muitos desses animais podem soltar toxinas prejudiciais para os seres humanos ou letais para outros organismos — explica.

Para ele, é necessário avaliar a causa dessa morte dos mariscos de forma urgente e monitorar a situação em todo o Estado, que pode vir a fazer parte de uma crise ambiental. O caso foi enviado à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), conforme o município, para investigação. O órgão, porém, não confirmou até a publicação desta matéria se já apura o caso.

Segundo o último relatório do IMA, divulgado na sexta-feira (24), o praia de Balneário Rincão possui dois, dos cinco pontos analisados, impróprios para banho.

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Veja vídeo dos animais mortos na praia

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