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“Foi uma referência para mim”, afirma Reginaldo Leme

A entrevista com Reginaldo Leme foi num sábado enquanto ia para o aniversário de um compadre. Ele começa a conversa com a lembrança de que sonhava em fazer parte da “turminha” que Dulce Lee vivia com Anísio Campos, Emerson Fittipaldi, entre outros.

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Como Emerson, faz questão de apontar as dificuldades em correr naquela época. Ela era da galera cool, um dos ícones que desejava atingir no começo de sua carreira. Diz, em tom de admiração, que Dulce fez parte da equipe Hollywood, que trouxe carros altamente competitivos numa época em que os brasileiros ainda engatinhavam e tecnicamente estavam muito atrás.

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– Linda, bonita, inteligente, convicta, charmosa e falava muito (brinca com uma gargalhada). Todos a idolatravam. Foi uma referência para mim, que começava minha trajetória no automobilismo. Eu era e ainda sou muito voltado para as reportagens que retratam o ser humano no automobilismo. Leme vê Dulce como uma das importantes precursoras numa forma de cobertura diferenciada, revolucionária, com sua técnica.

– Meu sonho era conviver com estes caras. Depois de 40 anos sou amigo de todos. Agora convivo com esta turminha > encerra, garantindo ter ficado muito feliz em falar sobre essa época.

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“As fotos dela são espetaculares”, diz Emerson Fittipaldi

Depois de uma ansiosa espera para entrevistar uma verdadeira lenda viva do automobilismo mundial, Emerson Fittipaldi conversou por mais ou menos meia hora por telefone com reportagem do DC. Falou sobre o começo do automobilismo brasileiro, sua carreira e, claro, Dulce Lee. Lembra com muito carinho e saudosismo da época de ouro do esporte.

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Emerson respira fundo ao falar sobre as mulheres da época romântica do automobilismo brasileiro. Sua voz fica mais suave ao recordar que sua mãe chegou a correr como amadora. O tricampeão mundial de Fórmula-1 conheceu Dulce Lee no fim dos anos 1960.

Para Emerson, ela era especial. Uma líder com personalidade forte e completamente apaixonada pelas corridas.

– As fotos dela são espetaculares. Convivia com os pilotos, com os engenheiros e com todos os envolvidos. Criou uma liderança e ditou moda ao seu redor.

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O piloto do automobilismo puxa pela memória a época marcada por um esporte feito muito mais por paixão e por carros feitos na garagem de suas casas. Um esforço fora do comum em construir e desenvolver carros no Brasil, uma realidade que Dulce vivenciou e descreveu em suas imagens diferenciadas.

– Dentro daquelas circunstâncias, (os carros) eram feitos na improvisação. Era difícil. Aqui (no Brasil) era o piloto que tinha que se adaptar ao carro. Na Europa era o contrário. O carro que era feito conforme o piloto.

Emerson chegou a fabricar volantes na garagem de sua casa em São Paulo para ser patrocinado. Lembra de viajar para o Sul do Brasil com a família no fim da década de 1950 para convidar os pilotos a participar das lendárias Mil Milhas em novembro.

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– Inclusive, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul vinham as carreteiras, carros muito evoluídos para a época, que nasceram nestas regiões, na Argentina e Uruguai.

Um dos momentos que guarda com muito carinho é a vitória na primeira corrida de Fórmula-1 no Brasil.

– Eu corria de moto pelas retas e curvas de Interlagos com 14 anos. Nunca imaginei, nem no meu melhor sonho, vencer com a Lotus e no ano seguinte com a McLaren. É muita emoção, com o público presente, com os amigos e com a família perto.