Toda segunda-feira é o dia da semana mais apertado para a fisioterapeuta Flávia Moreno, 27 anos. Moradora de Coqueiros, na parte Continental de Florianópolis, ela sai para o trabalho às 11h, vai até o Terminal Integrado do Centro (Ticen), na Ilha, para chegar a um posto de saúde nas proximidades da Ponte do Imaruim, em Palhoça.
Continua depois da publicidade
Quando termina o expediente, às 19h, ela tem 1h10min para voltar ao Ticen e chegar no segundo emprego, na Av. Atlântica, no Bairro Jardim Atlântico. Para voltar para casa, recebe uma carona do namorado.
O vai e vem de 39 quilômetros entre Ilha e Continente coloca Flávia no ônibus 1h30min do seu dia. Sem o vale transporte que recebe da empresa, a fisioterapeuta teria que pagar R$ 14,20 em passagem, devido as baldeações entre Florianópolis e Palhoça.
40 mil atravessam a ponte por dia
Continua depois da publicidade
A realidade de Flávia é parecida com a de mais de 40 mil pessoas que todos os dias atravessam as pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Salles, nos ônibus de empresas intermunicipais que fazem tal ligação (dados do Deter). Não há uma integração entre os sistemas de transportes das cidades que compõem a Grande Florianópolis, como existe em regiões metropolitanas como em Curitiba (PR), por exemplo.
Para o diretor de operações do Departamento de Transportes e Terminais do Estado de Santa Catarina (Deter), Pedro Paulo, a falta de uma legislação que considere a Grande Florianópolis como região metropolitana é um entrave para integrar o sistema.
– Cada prefeitura faz sua política de trânsito e as empresas cobram o seu preço.
Projeto de Lei poderia acelerar processo
A Universidade Federal de Santa Catarina, através do Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans/UFSC), deve entregar um estudo no final deste ano ao órgão estadual com objetivo de viabilizar sistemas integrados para a Grande Florianópolis e outras regiões do Estado.
Continua depois da publicidade
– A ideia é transformar em projeto de lei e encaminhar à Assembleia Legislativa. Não tem mais como pensar os sistemas isolados como é hoje.
Pressionado com as constantes paralisações dos trabalhadores do transporte coletivo, o prefeito Cesar Souza Júnior vai adiar a discussão sobre um sistema único para a Grande Florianópolis, preferindo dar atenção à Capital. Na semana que vem ele deve anunciar o novo edital de licitação do transporte para Florianópolis e obras do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM).
Deter não foi convidado
Fora a construção de mais pistas na Via Expressa, faixa exclusiva para ônibus na Avenida Ivo Silveira e ligação entre Beira-mar Continental à BR-101, o poder executivo estuda a possiblidade de ativar o Terminal de Capoeiras, que nunca foi utilizado, para receber algumas linhas intermunicipais que hoje atravessam a ponte.
Continua depois da publicidade
– Não sei quem vai trazer as pessoas do Ticap para a Capital. Não recebemos convite para participar no processo – disse o diretor de operações do Deter, que regula e fiscaliza operações de transporte intermunicipal.
Números
– Todos os dias, cinco empresas de Biguaçu, Palhoça e São José transportam em 3.096 viagens uma média de 42.707 passageiros para a Ilha. (Dados do Departamento de Transportes e Terminais de Santa Catarina – Deter/SC).
– Somente em ônibus municipais de Florianópolis, são mais de 800 viagens entre Ilha e Continente todos os dias, segundo a prefeitura da Capital.
Continua depois da publicidade