Ao menos 16 investigações da Polícia Federal em Santa Catarina neste ano miraram no narcotráfico e lavagem de dinheiro bilionária no Estado. Em algumas ações, como a de 4 de maio, a apuração revelou que os dois crimes andavam juntos. Os agentes federais descobriram, ainda, que os traficantes levavam uma vida de luxo no Litoral Norte.

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Das 26 ações no Estado em 2023, segundo balanço da reportagem, a maior parte teve como foco o tráfico internacional de drogas por meio dos portos de Santa Catarina e outras regiões do país.

Na ação do início do mês, parte dos mandados foi cumprido no Litoral Norte catarinense, que concentra cidades com o maior metro quadrado para construção do Brasil. A região, que nos últimos anos vive um boom imobiliário, tem construções de arranha-céus, imóveis de alto padrão e exibe o posto de cidades com metro quadrado mais caro para venda de imóveis no país.

Operação Downfall

Em maio, a operação deflagrada pela Polícia Federal do Paraná apreendeu mais de 200 imóveis. Iniciada após série de crimes na região do porto de Paranaguá, a investigação chegou até Santa Catarina após a descoberta de que o grupo criminoso que enviava cocaína por contêineres principalmente do litoral paranaense para a Europa investia os recursos da lavagem de dinheiro no setor imobiliário de alto padrão no litoral de Santa Catarina.

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Segundo o delegado Eduardo Verza, na investigação foi constatado que os traficantes dissimulavam os ganhos do narcotráfico nesse setor com a ajuda e conivência de empresas de Santa Catarina. Esses estabelecimentos foram alvos da ação desta quinta.

— Essas lideranças estavam custeando a aquisição de apartamentos de alto padrão e também financiando construções, empreendimentos imobiliários no litoral de Santa Catarina — afirmou o delegado federal.

Na ação, também foi decretado o sequestro de imóveis de luxo, bloqueio de bens e valores e aplicações financeiras. O valor estimado das apreensões foi de mais de R$ 1 bilhão.

Na operação Best Seller, em 26 de abril, um advogado de Navegantes foi alvo da ação apontado como responsável por fazer a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico. Além dele, outros investigados da operação já haviam sido investigados em outra ocasião, como a operação B.C. Laundry, de 2022.

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Polícia do PR cumpre mandados em Balneário Camboriú e sequestra R$ 1 bilhão em bens

Dois meses depois, em 26 de janeiro, a Polícia Federal deflagrou a operação Fim do Mundo para combater a lavagem de dinheiro vinda do tráfico de drogas e armas no Estado do Rio de Janeiro. Foi descoberto que um dos três grupos que cometia os crimes era liderado por dois irmãos que usavam o lucro do tráfico para comprar imóveis de alto padrão em Balneário Camboriú.

Facção envolvida com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e roubo é alvo de operação

Os dois, segundo a PF, tinham a ajuda de um casal de corretores catarinenses. Além disso, a mãe, as esposas e as irmãs dos criminosos “gozavam de uma vida de luxo no município e movimentavam valores exorbitantes em suas contas bancárias”, informou a PF

Em Balneário Camboriú, nessa mesma ação os agentes prenderam cinco pessoas, apreenderam dinheiro em espécie e relógios. O que chamou a atenção dos agentes foi uma suíte com banheira.

Suíte com banheira luxo em imóvel alvo de ação da PF (Polícia Federal/Divulgação)