Reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira aponta que o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), viajou à Paraíba a bordo de um avião emprestado pelo doleiro Alberto Youssef, indicado pela Polícia Federal com um dos principais alvos da Operação Lava Jato. A investigação apura um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões de forma ilegal.
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De acordo com o jornal, a discussão ocorreu por meio de um aplicativo de mensagem de texto no dia 2 de janeiro. O relatório consta nos documentos da Operação Lava Jato, os quais a Folha teve acesso.
Em uma das mensagens enviadas do celular de Youssef está escrito: “tudo certo para amanhã”. A aeronave de prefixo PR-BFM teria sido agendada para o voo às 6h30min daquele dia até João Pessoa, capital paraibana. À Folha, Vargas disse que conhece o doleiro há 20 anos e fez o pedido porque os voos comerciais estavam caros, mas teria pago o combustível. Também afirmou que cometeu uma “imprudência” no caso.
Durante as conversas, Vargas e Youssef discutem um assunto do Ministério da Saúde, segundo os documentos da PF. Eles falam sobre a empresa Labogen, que teria sido usada pelo doleiro para remeter US$ 37 milhões de forma irregular ao exterior, conforme a Operação Lava Jato. O nome citado seria de Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério.
Vargas teria garantido a Youssef ajuda de Gadelha em um caso não especificado nas transcrições. Ele negou contato com o secretário e relatou que o doleiro o teria procurado para saber como funcionavam parcerias com o Ministério da Saúde, pois tentava recuperar uma farmoquímica.
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O Ministério da Saúde disse à Folha que Gadelha nunca recebeu o deputado em audiência e nem tratou com ele do contrato citado na investigação da PF. A Folha não localizou ontem o advogado do doleiro.