O vice-prefeito de Brusque Evandro de Farias (PP) será questionado na tarde desta quinta-feira pelos vereadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) responsável por apurar supostas irregularidades na transação de compra de um terreno pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae) em 2011.

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Na época Farias – conhecido como Farinha – era o diretor-presidente da autarquia. O depoimento pode ser acompanhado ao vivo pelo site da Câmara de Vereadores de Brusque e começa às 14h.

A CPI foi instaurada em setembro do ano passado e, segundo o vereador Ivan Martins (PSD) – primeiro a denunciar supostas irregularidades na Câmara e a requerer a investigação -, apura as circunstâncias em que a negociação se realizou. De acordo com Martins, o fato que despertou a dúvida foi o uso de um cheque de R$ 350 mil do Samae em uma transação comercial particular do vice-prefeito.

– O terreno foi comprado por uma imobiliária que pagou R$ 150 mil e revendeu ao Samae por R$ 350 mil, pagos com um cheque do Samae nominal ao primeiro proprietário do terreno, já que o imóvel ainda não tinha sido transferido para a imobiliária. Este cheque foi endossado pelo dono da imobiliária, mas esta é uma das nossas dúvidas, porque no meu entender ele não tinha autorização para isso. Depois, esse mesmo cheque foi dado ao vice-prefeito por um empresário como pagamento pela compra de um apartamento dele. Como é que um cheque do Samae fica passeando e é repassado justamente ao diretor desse órgão numa negociação particular? É isto que nós estamos apurando – explica Ivan Martins.

A CPI já coletou seis depoimentos: dos proprietários de imobiliárias Leandro Moresco e Fabiano Tonelli, que responderam sobre avaliações que teriam feito no imóvel e a relação com o Samae; do ex-diretor do Samae Marcelo Rosin, que falou sobre a descoberta do terreno e o interesse do órgão pelo local; do empresário Valmor José Vechi, que declarou ter vendido um apartamento a Evandro de Farias e ter recebido um cheque do Samae de R$ 350 mil, deixado em seu escritório por uma imobiliária; da subprocuradora da prefeitura Sônia Knhis Crespi, que fez esclarecimentos sobre o processo de desapropriação do terreno adquirido pelo Samae; e do administrador Denis Smaniotto, responsável pela imobiliária que teria comprado o terreno e vendido a área para a autarquia.

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Smaniotto também confirmou no depoimento dado nesta quarta-feira à CPI que comprou o apartamento de Farias:

– Eu me interessei. Adquiri o apartamento em agosto ou setembro (de 2011) no valor de R$ 430 mil. Paguei R$ 350 mil com o cheque que eu tinha (do Samae), R$ 70 mil com um terreno no Loteamento Comandolli e R$ 10 mil em dinheiro. Não dei o terreno que comprei na negociação com o apartamento do Farinha. O cheque sim, mas o terreno não.

O terreno alvo da investigação seria utilizado para a construção de um novo reservatório de água para o Samae de Brusque. Em 24 de setembro de 2013 Evandro de Farias, ainda no comando do órgão, anulou a compra do terreno. Um mês depois, em 29 de outubro, a prefeitura anunciou a saída dele da autarquia.

A reportagem tentou contato com Evandro de Farias, mas não foi atendida e não recebeu retorno das ligações.

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