O vice-governador do Mato Grosso, Otaviano Pivetta, 62 anos, foi indiciado por lesão corporal leve por uma suposta agressão contra sua esposa, a advogada Viviane Cristina Kawamoto. O caso de violência foi registrado em Itapema no dia 7 de julho.

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O inquérito foi concluído no começo da madrugada do dia seguinte, mas só chegou ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) na última semana. O órgão ainda não se manifestou sobre as investigações. A suposta vítima mudou a versão dos fatos pelo menos cinco vezes.

No dia 7 de julho, a Polícia Militar foi acionada por meio do 190 para atender o caso. Quem solicitou ajuda foi Viviane. Ela afirmou que o marido a agrediu e bateu a cabeça dela algumas vezes no sofá. Segundo o relatório da PM, ela mostrou marcas pelo corpo supostamente causadas pelo vice-governador. 

Pivetta também estava no local e teria negado as agressões. Ele teria relatado que foi mordido pela esposa, mas que não a agrediu.

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O casal foi conduzido para a delegacia e no caminho, segundo a PM, ela teria mudado de versão e dito que não foi agredida. Mesmo assim, os dois foram conduzidos para a autoridade policial.

Esposa mudou versão na delegacia

Segundo o delegado Rafael Chiara, responsável pelo caso, no depoimento Viviane voltou a relatar que as agressões teriam sido cometidas pelo marido.

– Ela [Viviane] falou que eles brigaram, que ele [Pivetta] a agrediu e que ela também o agrediu depois, que na verdade ela teria se defendido— disse o delegado.

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Um laudo feito pelo Corpo de Bombeiros atestou as agressões sofridas por Viviane. Ela tinha escoriações nos braços, pernas e na cabeça. O exame é geralmente feito pelo Instituto Geral de Perícias (IGP), mas foi realizado pelos bombeiros, o que é previsto pela Lei Maria da Penha.

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Otaviano Pivetta foi preso em flagrante, mas acabou em liberdade ainda na madrugada do dia 8. Ele pagou fiança de R$ 6,6 mil. Ele negou que tivesse agredido a esposa.

Suposta vítima gravou vídeo negando agressão

Segundo o colunista do site Metrópoles, Ricardo Noblat, no domingo (1º) Viviane publicou um vídeo nas redes sociais negando que tenha sido agredida pelo marido.

“Nós tivemos uma discussão de casal. Não foi uma agressão, nunca houve agressão. Meu marido nunca foi um agressor. Nós tivemos essa discussão e por terceiras pessoas envolvidas no momento tomou essa proporção toda”, disse no vídeo.

Viviane chegou a publicar um vídeo negando as agressões
Viviane chegou a publicar um vídeo negando as agressões (Foto: Instagram, redes sociais)

Ainda segundo o colunista, na segunda-feira (2) a primeira-dama do Mato Grosso, Virgínia Mendes, postou uma foto sua no Instagram segurando um cartaz onde está escrito: “Você não está sozinha”. O post foi apagado horas depois, mas reapareceu por volta das 21h.

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O caso teve uma reviravolta ainda na segunda-feira. Numa postagem no Instagram, Viviane disse que foi pressionada a gravar o vídeo e que mentiu por orientação da secretária de Comunicação do Estado do Mato Grosso, Laice Souza. 

“Vocês assistiram o vídeo? Perguntem à Secretária de Comunicação do Estado do Mato Grosso, Sra. Laice, [que] me pressionou para gravar um vídeo mentiroso. Aliás, ela mede as pessoas pela régua dela corruptível. Se você tem preço eu tenho Valor e ninguém me compra! Suja, rasteira, e viu e todo mundo precisa saber”, escreveu.

Em nota, Laice Souza negou as acusações. “Atuei estritamente com a verdade que a senhora Viviane Cristina Kawamoto repassou, no sentido que o esposo não teria cometido a agressão contra ela. O vídeo foi gravado pela senhora Viviane, do próprio celular, sem texto de apoio e postado nas redes sociais por ela. O fato foi acompanhado por uma testemunha mulher”.

“Repudio qualquer tipo de violência, inclusive contra a honra. Por isso, estou acionando judicialmente a senhora Viviane, por calúnia e difamação, além de registrar um boletim de ocorrência, para que o processo tramite na esfera criminal, com todas as provas já colhidas. O que ela fez contra a minha pessoa é crime e isso será tratado na esfera competente”, completou a nota.

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A conta de Viviane no Instagram não é mais pública e suas postagens não estão mais disponíveis para visualização. A reportagem tentou contato com a advogada, mas não obteve retorno. 

O governo do Mato Grosso disse que não vai se manifestar sobre o caso. 

Em nota, a defesa do vice-governador destacou que o casal nega as agressões e classificou o caso como “uma fatídica noite de intempestividades, aliada à interpretação equivocada e draconiana da norma penal por parte da Polícia Militar de Santa Catarina” e que “redundaram na elaboração do noticiado boletim de ocorrência”. 

Veja a nota na íntegra: 

NOTA À IMPRENSA

1. O procedimento preliminar que tramita no Estado de Santa Catarina, atualmente sob fiscalização do Poder Judiciário catarinense, encontra-se sob a tarja do segredo de justiça, o que implica, via de regra, na impossibilidade de maiores considerações sobre os fatos lá tratados.

2. A despeito disso, considerando a divulgação reiterada pela imprensa, é forçoso realçar a fala pública do casal, inclusive com postagens em redes sociais, no sentido da inexistência de agressões a atrair a aplicação da legislação de regência.

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3. Uma fatídica noite de intempestividades, aliada à interpretação equivocada e draconiana da norma penal por parte da Polícia Militar de Santa Catarina, redundaram na elaboração do noticiado boletim de ocorrência.

4. A realidade, entretanto, é absolutamente diversa e está sendo pormenorizadamente justificada perante as autoridades competentes em manifestação conjunta do casal que foi e voltou unido da Delegacia, retornando calma e pacificamente ao apartamento de veraneio.

5. A história irrepreensível de Otaviano Pivetta na esfera familiar depõe a seu favor como melhor e mais insuspeita testemunha, não havendo qualquer registro passado de incidentes desta natureza que justifique qualquer suspeita ou permita quaisquer pré-julgamentos.

6. A família é a maior prejudicada com a exploração excessiva de sua vida íntima e encarecidamente pede respeito e compreensão de toda a sociedade.

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7. Sem possibilidade de maiores digressões em razão do sigilo imposto ao caso, a banca de defesa se limita a esclarecer em breves linhas o ocorrido, certa de seu arquivamento.

Cuiabá, 03 de agosto de 2021.

Rodrigo Cyrineu, Advogado

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