Parafraseando o poeta Fernando Pessoa, viajar é preciso, viver não é preciso. Viajar é preciso para abrir os sentidos e alimentar corpo e mente. Ter o espírito livre para fazer novos amigos, descobrir novos lugares, sentir novos perfumes, provar novos sabores, perceber (e respeitar) as diferenças. Ter a alma livre para caminhar à noite pelas ladeiras de Lisboa e, sem medo, se aventurar na Pensão Amor – bonito bar cheio de gente bacana onde, 50 anos atrás, funcionava um bordel. (Cíntia, minha namorada, experimentou o drinque “Clarissa, a Pudica”; optei pelo “Carmem, a Exibicionista”.) Ou para entrar numa pequena igreja do século 12 em Óbidos, cidade vizinha, e descobrir que ela se transformou numa bela livraria.

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Ter o coração livre para estranhar e se encantar com o céu da capital portuguesa. Nele há uma luz diferente, um azul que nos rouba o sorriso mais quente.

Andar pela capital portuguesa é sentir-se um pouco no Ribeirão da Ilha e em Santo Antônio de Lisboa. É colecionar histórias divertidas. É perderse em ruelas. É comer, beber, viver bem. É sentir-se confortavelmente em nossa própria casa.

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Construtoras de Lisboa estão erguendo prédios com elevadores de serviço. Elas não faziam isso desde a década de 60. Fazem agora para atender desejos de endinheirados brasileiros que invadem a capital portuguesa. Valha-me Deus.

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Motivo de piadas no Brasil, adoro a lógica perfeita das frases dos portugueses. Tudo muito bem explicadinho, para que não pairem dúvidas. É papo reto e direto, sem meias verdades.

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Portugal festeja, em 2018, os 130 anos do nascimento de Fernando Pessoa. Então, fechamos com o grande poeta: “Quantos Césares fui!/Na alma, e com alguma verdade./Na imaginação, e com alguma justiça./Na inteligência, e com alguma razão./ Deus!/Quantos Césares fui!”

 

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