O escritor e professor universitário Charles Zimmermann, 41 anos, considera-se, acima de tudo, um viajante. A jornada começou em 2004, quando decidiu deixar para trás sua cidade natal, Jaraguá do Sul, para fazer uma viagem de mochila de um ano pela Ásia.

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— Acho que na viagem, aprendi a gostar de gente. Mas Jaraguá do Sul é meu porto seguro. Foi aqui que desenvolvi a vontade de sair pelo mundo — conta.

Viver SC: o desenvolvimento e a natureza de Jaraguá do Sul

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Pedaço da economia local

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Foi na indústria de motores elétricos Weg, de Jaraguá do Sul, que Charles começou a carreira profissional como aprendiz, aos 14 anos. Seguindo os passos do pai, que se aposentou na área de produção, trabalhou na empresa por 16 anos, quando decidiu sair para viver um ano sabático na Ásia. A WEG tem 31 mil funcionários, sendo 16 mil só em Jaraguá do Sul. O escritor e professor escolheu o Museu WEG de Ciência e Tecnologia, criado em 2003 no mesmo prédio em que a empresa teve início, como um ponto fundamental para conhecer a região porque os 54 anos da indústria estão diretamente relacionados à história de desenvolvimento da cidade. O museu aborda os processos geradores de energia e as aplicações no cotidiano, através de jogos interativos, projeções em paredes e vídeos.

Recanto de lazer

São 17 lagoas, 35 mil árvores e 1,5 milhão de metros quadrados de área preservada. Isso sem falar nas trilhas, quiosques, aves e labirinto de plantas do Parque Malwee, um recanto de lazer e sossego no perímetro urbano de Jaraguá do Sul. Charles reforça que é comum pessoas de fora visitarem o parque, local com que ele mais se identifica na cidade:– Aqui comecei as pedaladas e essa relação com a natureza. Pela manhã, gosto de vir para ouvir os pássaros. Me sinto em paz neste lugar.As pedaladas iniciadas no parque o levaram mais tarde a dispensar o uso do carro para se locomover na cidade. Com a vontade de viajar ¿na velocidade das pessoas¿, resolveu fazer a travessia de quatro continentes (Ásia, Europa, América e Oceania), entre 2011 e 2013, de bicicleta. Gostou tanto que planeja uma nova aventura em duas rodas pela Ásia a partir do segundo semestre deste ano.

Rota das cachoeiras em Corupá

O escritor é enfático ao dizer: nos 80 países pelos quais já passou, nunca viu uma concentração de cachoeiras como esta. Ele se refere à Rota das Cachoeiras, em Corupá, cidade a cerca de 20 quilômetros de Jaraguá do Sul. O caminho para a reserva de mais de mil hectares de Mata Atlântica que abriga as 14 cachoeiras é um atrativo à parte. Estradas margeiam plantações enormes de bananas, uma das bases da economia do município, e proporcionam vistas privilegiadas de paisagens da região. O percurso de quase três quilômetros de trilha de fácil acesso ao longo do rio Novo surpreende a cada parada. A última cachoeira, denominada Salto Grande, é a maior, com 125 metros de queda. Ir até o local fazer trilhas e curtir a natureza é um dos passatempos favoritos de Charles.

Legado dos colonizadores húngaros

Assim como a maioria da população da região, Charles é descendente de alemães. Porém, além da influência germânica, há outras etnias que ajudaram a definir costumes e até construções da época. Uma delas é a Igreja Santo Estevão, que reflete a colonização húngara da cidade, iniciada em 1891 com a vinda de 230 famílias. A igreja de 1922, que fica no bairro Garibaldi, é a mais antiga de Jaraguá e uma das únicas do Brasil com arquitetura típica húngara. Os lindos vitrais se destacam e surpreendem pelo capricho. De acordo com pesquisas, em 2001, Jaraguá do Sul tinha em torno de 4% de descendentes húngaros. O reflexo dessa influência aparece principalmente na gastronomia da região, em pratos como strudel e goulash, em danças típicas e no idioma.

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