Turbulências internacionais, como crise na Europa ou a discussão em torno do aumento do teto da dívida americana, costumam ser um motivo de preocupação para quem planeja viajar. Afinal, comprar moeda estrangeira pode ficar mais caro, de uma hora para outra, se ocorrer alguma grande mudança no cenário econômico do país de destino.
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Segundo especialistas, em tempos de regime flutuante, o câmbio passa por um momento inédito de calmaria. Mesmo assim, a dica é antecipar a compra de moeda estrangeira e evitar o uso do cartão de crédito.
Foi o que fez a arquiteta Andrea Bonotto, de Porto Alegre, que se prepara para embarcar com o marido para a Costa Rica. Com viagem marcada para o fim de janeiro, ela se adiantou e reservou, meses antes, passagens e hotel, com a ajuda de uma agência de viagens. A arquiteta também já providenciou a compra de moeda estrangeira:
– Como o resort inclui vários serviços, não vamos precisar levar muito dinheiro. Mas achei melhor fazer o câmbio agora do que deixar para comprar dólares em cima da hora.
Para Patrick Behr, professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Andrea fez a escolha certa, já que agora é um bom momento para adquirir a moeda americana.
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– O câmbio está baixo, pois está bem próximo do piso que o Banco Central estabeleceu – explica.
O piso a que Behr se refere é o patamar mínimo de R$ 2 estabelecido informalmente pelo Banco Central nos últimos meses. Apesar de o Brasil oficialmente ter um regime de câmbio flutuante, na prática, desde maio de 2012 o Banco Central tem atuado para deixar o câmbio numa faixa de R$ 2 a R$ 2,10. Desde 30 de maio, a moeda americana só saiu dessa banda informal em três ocasiões: em 3 de julho fechou a R$ 1,98 e nos dias 3 e 4 de dezembro, a R$ 2,11.
Mesmo acreditando em estabilidade no câmbio, Behr aconselha antecipar o máximo possível a compra de dólares.
– É o cenário atual. Daqui a três meses pode estar tudo diferente – alerta.
A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-RS), Rita Vasconcelos, concorda:
– O mais indicado é comprar todos os serviços possíveis aqui do Brasil. Procurar fazer o pacote mais amplo possível, com o câmbio definido.
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Rita aconselha também os turistas a ficarem longe do cartão de crédito. É justamente o que planeja Andrea.
– Quero evitar uma surpresa desagradável na volta da viagem, quando chegar a fatura – conta.
Na opinião de especialistas, mesmo turbulências internacionais, como a discussão em torno do teto da dívida americana, não seriam capazes de causar oscilação muito grande no câmbio.
Para Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, o governo brasileiro tem força para manter o câmbio na mesma faixa que esteve nos últimos meses.
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– O BC vai evitar a todo o custo a apreciação excessiva do real para não prejudicar as exportações. Por outro lado, para evitar uma pressão inflacionária não vai deixar que o dólar aprecie muito – explica o economista.
Para quem já vai decolar
Mesmo com a crise orçamentária americana, especialistas avaliam que não é provável uma oscilação forte no câmbio. De qualquer maneira, é bom tomar cuidado com as despesas no Exterior:
Evite usar cartão de crédito. O câmbio será o do dia de fechamento da fatura e não o da compra. Se o dólar subir nesse intervalo, você irá pagar mais.
Por questão de segurança, evite andar com quantia muito alta de dinheiro. A melhor opção, nesse caso, são os cartões pré-pago ou de débito.
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Fuja do Imposto sobre Operação Financeira (IOF), que é salgado: 6,38% cobrado nas transações no Exterior. A melhor opção é o cartão pré-pago.
O impacto do IOF
No cartão de crédito
O valor da compra no Exterior mais 6,38% de IOF.
No cartão de débito
O valor de compra no Exterior mais 0,38% de IOF.
No cartão pré-pago
Paga-se o IOF, de 0,38%, quando o cartão é abastecido, de acordo com o valor carregado. E soma-se o valor da compra no Exterior.
O cartão pré-pago
A fórmula já é conhecida com o celular pré-pago. Primeiro, os consumidores pagam, depois usam. Pela internet, você coloca uma quantia no cartão e pode usá-lo em compras e saques, sempre na moeda do país de destino. Como o cartão é carregado com antecedência, o usuário não corre risco de variação cambial no período em que estiver viajando. E pode ser recarregado. Se, ao voltar para casa, sobrar alguma quantia, o usuário pode escolher como utilizar o saldo: retirar em reais ou deixar no cartão para uma próxima viagem.