A estudante de Farmácia da UFSC, Kellen Rebello da Silva, 21 anos, de férias em Santa Maria (RS), sua cidade natal, estava na boate Kiss quando o incêndio que acabou matando 233 pessoas começou.
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Acompanhada de uma amiga, ela disse que foi uma das primeiras a chegar ao local por volta das 23h. Assistiu ao primeiro show tranquilamente. Foi durante a apresentação da segunda banda, que de repente sentiu um cheiro estranho, de queimado.
– Estava bem próximo do palco, de costas, quando minha amiga, virada para frente, me chamou e apontou para o teto mostrando uma pequena área com fogo. Na mesma hora, ela me puxou pelo braço e já fomos saindo dali – explica Kellen.
Segundo a estudante, muitas pessoas demoraram para notar o que estava acontecendo.
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– Não ficamos de curiosa e fomos direto em direção à porta, que nem era perto de onde a gente estava. Apenas nos viramos e seguimos o fluxo. Mas não havia tumulto algum nessa hora – lembra.
Na saída havia segurança, mas não chegaram a ser impedidas de sair. Já do lado de fora conseguiram atravessar a rua e daí olharam novamente para tentar entender o que acontecia.
– Vimos ainda a fumaça branca na casa, mas em pouquíssimo tempo começou o pior. Logo, via os corpos no chão, mas acreditava que aquelas pessoas ainda poderiam estar vivas e não mortas – diz Kellen, que até às 14h deste domingo, já em casa com a família, ainda não havia dormido.
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Ela e amiga ficaram até por volta das 6h da manhã no entorno da boate. Mesmo sendo natural de Santa Maria, Kellen disse até o momento desta entrevista que não tinha nenhum conhecido entre os que morreram. De Santa Catarina, pelo Facebook, recebeu muitas mensagens positivas.
Ela diz que ainda está muito abalada, mas pretende seguir a programação de férias. E retorna para Florianópolis no dia 5 de fevereiro.
A tragédia
O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.
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Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.
A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.
Veja onde aconteceu

A boate
Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.
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Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio
A festa
Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.
