Sebastian Vettel provou em 2012 a velha máxima de que mais difícil do que chegar ao topo é se manter lá. Foi uma temporada de altos e baixos em que o alemão precisou manter sangue e cabeça frios para prevalecer no Mundial pela terceira vez consecutiva. Um feito e tanto, que só aconteceu antes com outros dois pilotos: Juan Manuel Fangio (cinco títulos no total, quatro entre 1954 e 1957) e Michael Schumacher (sete títulos, sendo cinco entre 2000 e 2004).
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A raridade do feito de Vettel bastaria para encerrar as discussões sobre o merecimento de seus feitos. Mas, como Fernando Alonso jocosamente sugeriu no calor da disputa, há quem acredite que o sucesso do alemão é fruto exclusivo dos carros projetados por Adrian Newey, diretor-técnico da Red Bull.
Como se Vettel, de 25 anos, não tivesse um companheiro de time comprovadamente capaz de ganhar corridas. Como se não fosse o piloto mais trabalhador do grid hoje, louco para se enfurnar em reuniões técnicas e estudos aprofundados de telemetria para espremer do carro um ou dois décimos de segundo.
Estas qualidades ficaram muito claras neste ano. Depois que a FIA proibiu o uso dos difusores soprados no final de 2011 – a grande arma da Red Bull no ano passado -, o carro começou esta temporada se comportando de maneira diferente: escapando de frente nas curvas. É uma tendência que Vettel odeia. Ele prefere um carro que escorregue levemente de traseira, para fazer uma correção rápida com o volante antes de sair acelerando na reta seguinte.
Seu trabalho no ano foi entender quais áreas poderiam ser trabalhadas no RB8 para que o acerto em cada pista trouxesse de volta este comportamento. Uma difícil tarefa em uma era em que os testes na Fórmula-1 quase inexistem.
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Vettel criou uma dinâmica de trabalho com a equipe de aproveitar ao máximo os treinos livres para se concentrar na tarefa de desvendar os segredos do carro. As lições que foi tirando ajudaram para que Newey desenvolvesse o modelo de maneira a acelerar o processo.
O resultado disso? No terço final do campeonato, finalmente trouxe o carro totalmente ao encontro de seu estilo de pilotagem. E conseguiu, com isso, imprimir o tipo de corrida que mais gosta: largando da pole position e controlando sua vantagem para quem vinha atrás até a bandeira quadriculada.
Por tudo isso, tornou-se merecidamente o campeão de 2012.
Sebastian Vettel – Piloto Alemão Tricampeão Mundial, na entrevista coletiva
Como você ordenaria este título em relação aos outros dois?
Vettel – É difícil comparar. Foi uma temporada difícil, tanto dentro quanto fora das pistas. Foram muitos altos e baixos, mas sempre mantivemos a compostura. É preciso ser honesto consigo mesmo e poder se olhar no espelho.
Você se refere a algo específico quando diz isso?
Os adversários tentaram de tudo para nos superar. Dentro e fora dos limites. Enfrentamos muita resistência. Alguns fizeram coisas que jamais pensaríamos em fazer. Mas não nos cabe comentar isso em detalhes. Precisamos nos concentrar no que fazemos.
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O que você diz por se tornar o terceiro piloto da história com três títulos mundiais seguidos?
Uma pessoa sábia me disse que uma vitória depois de uma vitória é sempre mais difícil, já que todos se concentram em você. A pressão cresce. É nisso que penso nos momentos difíceis. Também ajuda ter claro que você nunca é tão bom ou ruim como falam.
A quem credita seu sucesso?
Agradeço minha equipe. Pode parecer apenas uma frase. Mas eu realmente me sinto como uma parte desse time. Na segunda-feira esta temporada será passado, e o pessoal já trabalhar á no carro para a próxima temporada. E ninguém faz este trabalho pelo salário, mas porque ama fazê-lo.