Como foi previsto por especialistas, Dilma Rousseff vetou parcialmente a nova lei dos royalties do petróleo. Com a decisão, as regras de distribuição serão aplicadas apenas aos novos contratos. O presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), Douglas Warmling, diz que vai trabalhar para que o veto seja derrubado no Congresso Nacional.
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Na opinião de Warmling, a presidente foi contrária ao movimento municipalista do país:
– São 5.540 municípios brasileiros, mas ela beneficiou apenas 30 deles. Nós, agora, vamos movimentar os deputados para que esse veto seja derrubado no Congresso.
Além de vetar o artigo que previa que as novas regras valeriam para as áreas já licitadas, Dilma estabeleceu que a educação passe a receber a maior parte dos recursos. A obrigatoriedade deve constar na medida provisória que será enviada ao Congresso. Neste ambiente é que a Fecam e outras federações pretendem agir.
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– A medida provisória, que prevê redistribuição dos royalties para concessões futuras, não compensa o veto. O que nós buscamos é corrigir a injustiça e a ilegalidade da distribuição de uma riqueza nacional, que é o petróleo – argumenta Warmling.
Ao vetar o artigo da lei aprovado pelo Congresso que previa redistribuição mais igualitária dos royalties, a presidente atendeu à pressão de estados produtores de petróleo, como Rio de Janeiro e Espírito Santo, e acabou desafiando a maioria dos parlamentares que votaram projeto diferente. A próxima rodada de licitações no setor está prevista para maio.
O anúncio foi feito pelos ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e da Educação, Aloizio Mercadante. Gleisi afirmou que a decisão teve como premissa “o respeito à Constituição, aos contratos estabelecidos, à definição de regras claras, para garantir a retomada de licitações do petróleo”.
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Para o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC), a presidente errou:
– Se havia uma dúvida jurídica questionada pelos estados produtores, a presidente deveria ter deixado essa solução para a Justiça – disse.
Na visão do senador Paulo Bauer (PSDB), SC não tinha receita a partir dos royalties e, com o veto, perderá todas as possibilidades de recebê-la.
Como ficou
1. O que são royalties
São uma compensação financeira devida à União, dona de todas as riquezas do subsolo no país, pelas empresas concessionárias produtoras de petróleo e gás natural. A compensação é distribuída a Estados, municípios e órgão do governo federal.
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2. Participação especial
É uma compensação extra em campos de grande rentabilidade.
3. O que ficou estabelecido após o veto parcial da presidente Dilma Rousseff para o projeto de lei estabelecido pelo Congresso:
Os contratos vigentes relacionados à exploração de petróleo não serão modificados. As novas regras valem apenas para os contratos futuros.
Será criado um fundo social para receber parte dos recursos originários dos royalties e que 50% do rendimento deste fundo irá para a educação. Além disso, 100% dos royalties das concessões futuras serão destinado para a educação.
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O dinheiro destinado para a educação será em acréscimo ao determinado obrigatoriamente pela Constituição – 25% do orçamento dos Estados,
25% dos municípios e 18% da União.
Como será a divisão dos royalties para contratos futuros (em %):
2012 2013 2020
União 30 20 20
Estados produtores 26,25 20 20
Municípios produtores 26,25 15 4
Municípios afetados 8,75 3 2
Estados não produtores 7 21 27
Municípios não produtores 1,75 21 27
Participação especial
2012 2013 2020
União 50 43 46
Estados produtores 40 32 20
Municípios produtores 10 5 4
Estados não produtores – 10 15
Municípios não produtores – 10 15
Fonte: Governo federal