O cenário no Rio Grande do Sul é de destruição. Em meio à água e aos destroços daquilo que já foram lares, estão os animais de famílias que precisaram sair de casa, mas que não conseguiram levar seus companheiros. Assim como pessoas ilhadas contam com resgate, os animais também precisam de auxílio.
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Este é o caso da tutora Miriam, que teve sua residência tomada pela água. Por sorte, os armários mais altos da cozinha não foram atingidos e foi ali que as gatas da moradora procuraram abrigo. A veterinária e voluntária Rafaela Zluhan, que é de Joinville e integra o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad), conseguiu entrar na residência e retirar os animais em segurança.
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O reencontro entre Miriam e as duas gatas foi marcado pela emoção. Em meio às lágrimas, o agradecimento: “obrigada de coração”, disse.
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A família não foi a única atendida pela equipe do Grad e Rafaela. A joinvilense ficou dez dias em solo gaúcho, retirou das enchentes gatos, cães, cavalos, patos e inúmeros animais em cidades como Porto Alegre, Esteio, São Sebastião do Caí e Canoas.
Segundo a veterinária, o cenário é desafiador e os resgates são feitos em locais de difícil acesso. Por isso, o Grad faz treinamentos com os voluntários para fazer esse tipo de trabalho em locais que passaram por cenários de desastres.
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— Temos que tirar os animais que estão presos nas suas residências há uma semana, dez dias sem comer, em cima do telhado. São casos de cães, gatos e cavalos ilhados. Principalmente cães em cima do telhado, que estão com hipertermia, machucados nas suas patinhas devido à queimadura das fortes temperaturas que teve. E, ao mesmo tempo, o novo desafio são as temperaturas que caíram muito. Animais que estão com o contato da água, que estão extremamente fracos — explica a especialista.
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Por isso, nem sempre o final é completamente feliz. Em um caso, Rafaela fez o resgate de uma mãe com um bebê de 15 dias. No local, também havia três cães. Primeiro, os voluntários retiraram a família. Depois, voltaram para buscar os animais. Porém, a água já havia subido e eles não puderam ser retirados com vida.
Outro resgate que marcou Rafaela foi o da Elaine, uma “gateira”, que possuía em casa um gatil com mais de 30 gatos. Ela pediu que os voluntários fizessem o resgate dos animais.
— A gente entrou em um gatil que teria mais de 30 animais. Apenas seis sobreviveram, que ficaram na parte mais ao topo do gatil. O reencontro com ela foi muito emocionante — conta.
Após dez dias no RS, Rafaela voltou a Joinville no último fim de semana. O retorno para rodízio de equipe é necessário devido ao desgaste dos voluntários, já que o trabalho feito é extremamente cansativo.
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Além dos trabalhos realizados no estado gaúcho, Rafaela, que faz parte do Grad, uma organização nacional, há quatro anos, já fez voluntariado para o resgate de animais em locais de desastre no Pantanal, Recife, Alagoas e em solo catarinense. Apesar do cansaço e o cenário caótico, o trabalho traz um acalento.
— Poder dar conforto às famílias que perderam tudo e encontrar o único parente, porque teve pessoas que perderam toda a família e os animais foram os únicos que sobreviveram — destaca Rafaela.
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