A notícia chegou por telefone – antes mesmo de qualquer outro candidato saber sobre o listão. Ainda pela manhã, a vice-reitora Lúcia Helena Pacheco ligou para a casa de João Luiz Lemos e deu o aviso: estava entre os 10 primeiros. O alerta, inesperado, mudou os planos que ele tinha para a tarde.

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Às 16h, levou a mãe, os três irmãos, os amigos e os professores do cursinho pré-vestibular até o auditório da universidade – bem longe de onde os demais bixos comemorariam a aprovação. Na cerimônia oficial, o novo calouro de Medicina queria ouvir qual era, de fato, o seu desempenho. Foi aplaudido, recebeu abraços e, antes mesmo de sair dali, teve o cabelo raspado. Ele merecia, não cansava de dizer a mãe Sylvia Lemos, 51. Com 94,2 pontos, João atingiu a média mais alta no vestibular de verão 2014.

– O segredo foi que amadureci. Esse foi o meu quarto vestibular e, nesses anos todos, fui assimilando cada vez mais conteúdo e ganhando mais confiança para fazer a prova. E isso fez toda a diferença – explica.

Para chegar ao resultado, João reconhece que pegou pesado. Chegava ao cursinho às 7h e saía às 22h20min. Fazia o mesmo no sábado. No domingo, até diminuía o ritmo, mas não deixava de dar uma passada de olhos nos livros. Diminuiu as baladas, parou com o futebol e pouco encontrava a namorada. Mas não foi só a confiança e o amadurecimento que foram decisivos à aprovação.

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Um outro ponto, que ele talvez nem reconheça, também despontou para o bom resultado: a persistência. A cada desclassificação, ele entristecia mas não se deixava abater. É isso que explica a reviravolta em tão pouco tempo, de ser reprovado em instituições particulares no inverno e, meio ano depois, superar todos os demais. Neste verão, o nome de João também constou no listão da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

– A cada fracasso, ele tentava descobrir onde estava o problema: reconhecer o erro e consertar o fez avançar. É um guerreiro – enfatiza o professor de Física Glauber Borba, que o acompanhou por dois anos no Gaia.