As versões da Polícia Militar e do Samu sobre a morte do pedreiro Marcos Antônio Clarinda, 48 anos, em Florianópolis, na madrugada do último sábado continuam com detalhes contraditórios. Clarinda morreu depois de sofrer duas paradas-cardiorrespiratórias, após receber choques de pistola taser da PM e medicamentos administrados pelo Samu. O pedreiro havia furado duas barreiras policiais, ainda na noite de sexta-feira.

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Ao contrário do que o Samu afirmou no domingo, que o pedreiro havia recebido atendimento do Samu na 2ª DP do Saco dos Limões, o médico regulador do Samu em SC, Ramon Tartari, informou ontem que o atendimento ocorreu em via pública. Outra contradição é sobre o acionamento do Samu. Tartari disse que o chamado ao Samu partiu da delegacia. A assessoria de imprensa da PM informou que o Samu foi acionado pela PM, em via pública, depois que a vítima voltou a ficar agitada, após receber os dois choques de taser, por volta da 0h10min de sábado.

Quanto à morte do pedreiro, a PM informou no domingo que ele havia morrido depois das duas injeções administradas pelo Samu. Ontem, a assessoria da polícia afirmou que um sargento foi chamado ao Hospital Celso Ramos e, chegando lá, uma médica disse que o pedreiro havia morrido. Conforme a assessoria, ninguém (da PM) sabe se Clarinda “morreu na rua, na viatura ou no hospital”. O Samu reafirmou que o homem morreu no caminho do hospital.

A assessoria da PM também disse que a vítima deixou de ficar agitada após receber os medicamentos do Samu e, conforme mostra o vídeo gravado por policiais durante a ocorrência, o pedreiro estava consciente e dialogando até 16 minutos após o último choque de taser, que foram os 16 minutos de espera pelo Samu, segundo a polícia. Ramon Tartari, do Samu, disse que a vítima recebeu doses terapêuticas dos sedativos aloperidol e prometavina, via intramuscular. Tartari contou que a primeira das duas paradas-cardiorrespiratórias sofridas por Clarinda ocorreu antes da aplicação da primeira injeção, mas que o medicamento demora de 15 a 20 minutos para fazer efeito e por isso não deve haver relação entre a parada e a medicação.

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A PM preferiu não divulgar o vídeo filmado pelos policiais porque este é peça do inquérito policial militar aberto para apurar o caso. As duas instituições e a família de Clarinda aguardam o laudo do Instituto Geral de Perícias para saber o que realmente aconteceu.