Quando se fala em atuação dos políticos, a primeira reação é de desconfiança e de descrédito. Vive-se dizendo que eles precisam ser produtivos. E o que é ser produtivo para um legislador (vereador, deputado, senador)? Propor leis. Tivemos caso de deputado estadual em Santa Catarina que apresentou quase que um projeto por dia em determinado ano só para ser o “mais atuante”.

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O que resta a um vereador, além de propor denominação de ruas? Propor dias e semanas municipais, claro. Mas já devem estar faltando datas para serem criadas em homenagem a Florianópolis.

Cabe ainda aos vereadores propor comendas e homenagens. Hoje, a Câmara de Florianópolis concede 33 honrarias diferentes. A maioria delas pode ser proposta por cada vereador QUATRO vezes por legislatura! Isso dá mais de cem honrarias que cada um deles pode distribuir em quatro anos.

“Alterar a data de aniversário de um município baseado em uma obra do século 18 cheia de equívocos é uma temeridade”

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Vez ou outra até surgem outros tipos de projeto – e é preciso ter criatividade para propor matérias diferentes!

O caso da mudança do ano a partir do qual conta-se o aniversário da cidade, por exemplo, surgiu de um artigo de uma página que propunha um ano (1676) sem nenhum fundamento. A emenda aprovada (1673) se baseia em um livro de Pedro Taques de Almeida Paes Leme que também afirma que Francisco Dias Velho morreu em 1692, ou seja, cinco anos depois de sua morte verdadeira!

A história é uma ciência dinâmica porque ela se baseia em interpretações e documentos que podem se transformar na medida em que novas fontes vão sendo desvendadas. Alterar a data de aniversário de um município baseado em uma obra do século 18 cheia de equívocos é uma temeridade. Tomara que o prefeito tenha mais juízo.