Faltando menos de seis meses para a nova lei de uso e ocupação do solo de Joinville começar a tramitar na Câmara, os vereadores continuam discutindo mudanças pontuais no atual texto.

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Já são seis sugestões de alterações feitas em 2011. Entre as propostas, está a que permite construções de prédios até 12 andares na rua Aquidaban, outra que libera escritórios de contabilidade e engenharia por toda a cidade e até mesmo uma que ajeita um erro cometido na hora de desenhar o mapa da Lei de Macrozoneamento. Mesmo com a pauta cheia e a proximidade com a entrada da nova lei, a Comissão de Urbanismo garante que aceitará outros projetos de alteração de zoneamento. Dos projetos apresentados este ano, nenhum foi aprovado até agora.

No final do ano passado, a Comissão de Urbanismo e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville (Ippuj) haviam acordado informalmente que não seriam mais analisados projetos que mudassem a lei que define tudo o que pode e o que não pode ser construído na cidade.

– Esperávamos consolidar tudo na nova versão da lei, até para que ninguém sugerisse algo agora que irá ao contrário do que apresentarmos na nova versão – omenta o diretor executivo do Ippuj, Vladimir Constante. Mas o acerto durou pouco.

Ao alegar que a criação da nova lei demoraria muito tempo para entrar em prática, os vereadores passaram a propor mudanças que causariam alterações em paisagens por todos os cantos de Joinville. A Comissão de Urbanismo é autora de três projetos. “Não enviaríamos mais projetos de mudança da lei vigente. Mas as comunidades vão até a Prefeitura, que dá um prazo para alterar o zoneamento da região e não cumpre. Daí somos pressionados a fazer algo”, comenta Lauro Kalfels (PSDB), presidente da comissão. E o parlamentar finaliza: “Não temos como paralisar a cidade. Se apresentarem mais, vamos aceitar. Até porque a nova lei dificilmente será votada antes das eleições municipais do ano que vem”, comenta.

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Como os projetos não param de chegar, audiências públicas estão sendo realizadas desde março para debater as mudanças. Todas contam com participação do Ippuj.

– O certo seria esperar a nova lei, mas como há pressa em algumas mudanças, estamos conversando e aceitando as sugestões”, comenta o gerente de Planejamento do Ippuj, Gilberto Lessa.

Nova lei discutida no Conselho da Cidade

Enquanto os vereadores estão propondo mudanças, a lei de uso e ocupação do solo vem sendo discutida no Conselho da Cidade desde março.

A cada três semanas, uma reunião é feita com todas as câmaras setoriais do órgão, que depois passarão a sugerir mudanças ao texto assinado pelo Ippuj. Até o momento, dois dos cinco encontros planejados já foram realizados. Depois que as reuniões terminarem, o texto será votado. Isso deve acontecer até o final de julho. “Estamos no processo de ajustes. Acertaremos pontos que ainda não são de consenso para mandar uma proposta coesa para a Câmara”, garante Gilberto Lessa, gerente de Planejamento do Ippuj.

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Entre as alterações mais polêmicas da nova lei, está a que autoriza prédios de até 30 andares na região central de Joinville. Outras mudanças são a que diminui o tamanho mínimo do lote para 240 m² (hoje é de 360) e a obrigatoriedade de novos loteamentos doarem 15% da área que tenha mais de 10 mil m² à Prefeitura. Hoje, a Prefeitura recebe doação em lotes mais de 2 mil m².

Pedido para ampliação de área urbana

Uma das mudanças sugeridas quer alterar a Lei de Macrozoneamento, aprovada em 2010. Ao desenhar o mapa e separar as áreas rurais das regiões urbanas, houve diminuição do perímetro urbano no Jardim Sofia. Assim, quem quisesse construir ou começar a operar uma indústria entre a rua Santos Dummont com a Dorothovio do Nascimento teve o direito revogado. O limite do Macrozoneamento ampliava a área rural até a parte entre a Tuiuti e a Santos Dummont.

O erro só foi percebido quando moradores da região tentaram construir uma indústria na região. Após procurarem a Prefeitura, descobriram que o mapa tinha sido diminuído. Daí partiu o pedido de Manoel Bento (PT), líder do governo, com uma proposta para alterar o zoneamento da região.

– Foi um erro cometido. Na hora de puxar, se leva o risco pra cá e pra lá. No fim, acaba se deixando coisas importantes de lado. Mas vamos consertar o problema e voltar a ser como antes – argumenta.

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Audiência pública avalia impactos

Na última semana, foi feita uma audiência pública para debater a mudança de zoneamento que permitirá o parque tecnológico das universidades. A reunião serviu para que a Comissão de Urbanismo avaliasse o impacto que a alteração poderá trazer para a região. A construção vai ocupar a região do antigo Sesi, que ficava atrás da Univille, e vai surgir de uma parceria entre a UFSC, PUC, Udesc e a Univille.

– Como será algo mínimo, não há como bloquear” – comenta Alodir Cristo.

Segundo o vereador, o único impacto que o projeto causará será no sistema viário. Mas isso será evitado pelas universidades, que conseguiram a promessa de que um projeto envolvendo a Prefeitura de Joinville e o governo do Estado para realizar mudanças no trânsito da região será feito assim que o parque tecnológico estiver pronto.

No local, devem ser desenvolvidas pesquisas básicas e científicas que envolverão parcerias com os acadêmicos.