Dezenove adolescentes começam uma jornada de aprendizado e vivência do mundo político a partir desta segunda-feira em Joinville. Empossados como vereadores mirins no início do mês para a 15ª legislatura, eles agora realizam a primeira sessão ordinária do ano e elegem a mesa diretora para o primeiro semestre do mandato. Será a oportunidade de conhecerem detalhes dos trâmites legislativos e aprenderem mais sobre cidadania.

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Cada um dos eleitos pode apresentar propostas de projetos de lei – se os vereadores adultos tiverem interesse, podem abraçar as ideias e levar para tramitação na Câmara –, indicações e moções. Neste início de legislatura, eles demonstram ter proposições diferentes, mas a vontade de aprender é uma característica em comum.

– Eu acho que (a Câmara Mirim) é um ótimo projeto para os jovens aprenderem sobre a política, como votar e coisas assim – afirma Camilly Guzati da Silva, de 13 anos.

Ela está no 8º ano da Escola Municipal João Costa, da zona Sul da cidade. Foi eleita vereadora mirim após a indicação dos professores e chega ao Legislativo com o objetivo de aprender mais sobre os direitos do cidadão e já preocupada com o seu voto quando se tornar eleitora. Segundo ela, é preciso saber e se interessar por política para ter mais consciência na hora de escolher os candidatos.

Camilly conta que acompanha os assuntos de política com a família, principalmente, em época de eleições. Ela já chega para o mandato mostrando interesse em propor melhorias para a comunidade e com ideias prontas daquilo que irá defender durante este ano.

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– Na indicação, já coloquei que queria vistorias nas ruas por estarem enchendo quando chove porque o esgoto não vence. E também quero melhorar a segurança do meu bairro, além dos buracos em que os pedestres podem se machucar – conta.

As propostas para ajudar a comunidade e a escola também estão nos projetos previstos por Victor Kauan Neckel Martins, 13 anos. Ele é estudante do 8º ano da Escola Municipal Caic Professor Desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira, no bairro Comasa. Foi eleito pela unidade como vereador mirim após ter sido escolhido também como representante dos alunos no conselho de classe escolar.

Victor diz que já tinha interesse em política, muito pela inspiração nas conversas com o tio, que foi vereador em Garuva. O adolescente conta que sempre teve vontade de ajudar a escola e a comunidade – ele atuou em projetos comunitários para arrecadar alimentos para famílias com necessidade em seu bairro. A experiência na Câmara Mirim agora pode ser um primeiro passo para conseguir realizar o desejo de ser vereador no futuro.

– Eu acho que agora a gente está em uma época de muita corrupção, então as pessoas têm uma imagem muito manchada da política. Nós, agora como vereadores mirins, somos o novo futuro – afirma.

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Como funciona o projeto

Todos os anos, 19 novos vereadores são eleitos para compor a Câmara Mirim de Joinville. O processo começa a partir da inscrição das escolas interessadas em participar do projeto. Como o número é maior do que as vagas disponíveis para vereadores, é realizado um sorteio que define as escolas escolhidas e outras cinco que ficam como suplentes.

A partir daí se inicia a seleção dos 19 vereadores. O edital da Câmara permite que as escolas decidam como escolherão seu representante. O parlamentar pode ser aquele com a melhor redação ou oratória, quem passar por uma análise curricular ou ainda quem vencer eleições diretas ou indiretas dentro da unidade.

Após a posse, os vereadores mirins se reúnem na última segunda-feira de cada mês para as sessões ordinárias, que são muito semelhantes às realizadas pelos adultos. Quinzenalmente, eles também se encontram para participar das atividades pedagógicas que os preparam para ocupar a função.

Segundo a coordenadora pedagógica do projeto, Luana Santos Oliveira, cada atividade está vinculada a um instrumento que é usado pelos vereadores. Para aprender sobre as indicações que os legisladores podem protocolar, por exemplo, os mirins fazem uma atividade de reflexão com uma roda de conversa, em que aprendem sobre os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.

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– Outra coisa que a gente faz é a atividade de debate, em que sempre tem um lado contrário e outro a favor. Então, eles vão ter de achar argumentos para debater determinado tema, sem desqualificar os outros – conta.

As indicações, moções e projetos de lei elaborados pelos vereadores mirins seguem a mesma regra aplicada aos adultos. Inclusive, o material elaborado pelos adolescentes é encaminhado para a Prefeitura, assim como os protocolados pelos vereadores.

A coordenadora da Escola do Legislativo, Eliane Lisboa Borba, conta que houve três projetos nascidos na Câmara Mirim de Joinville que foram levados pelo deputado Patrício Destro para a Assembleia Legislativa em 2016. No ano seguinte, um deles foi apresentado no Congresso, em Brasília. Para ela, é muito claro ver a diferença dos adolescentes antes e depois de entrarem na Câmara Mirim.

– A ótica deles muda, assim como a forma como pensam em comunidade e no próximo. A gente consegue ver o quanto o projeto contribui para a cidadania deles – defende.

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