A Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Joinville aprovou por unanimidade na segunda-feira (29) um requerimento do vereador Cassiano Ucker (PL), para que um ofício pedindo a instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) seja encaminhado à mesa diretora do legislativo municipal. A motivação partiu de uma denúncia de suposto uso de reagente vencido no laboratório de análises clínicas do Hospital Municipal São José, em fevereiro.

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Em nota, na última semana, a Prefeitura de Joinville admitiu que o estoque do reagente na unidade hospitalar chegou a vencer no dia 18 de fevereiro, recebendo nova remessa cinco dias depois. Segundo o diretor-presidente do Hospital São José, Arnoldo Boege Junior, o composto não afetou pacientes que realizaram exames de dengue no período.

—  O reagente citado não é utilizado no teste de dengue. Os exames de dengue, NS1, IgG e IgM não são realizados no mesmo aparelho, este faz a parte de bioquímica, análise dos componentes do sangue, um hemograma —  afirmou.

Durante a reunião da Comissão de Saúde da Câmara, o responsável técnico do laboratório do hospital São José, Itamar Gazzoni, afirmou que decidiu pela utilização do reagente vencido por entender que isto não comprometeria a qualidade dos resultados.

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—  Eu assumi a responsabilidade de continuar. O aparelho funciona com nove reagentes internos e, sabendo que aquele reagente não influenciaria no resultado do exame, tomei a decisão de continuar —  disse.

Para o vereador Cassiano Ucker, a alegação do responsável técnico do laboratório, de que a utilização do reagente vencido não comprometeria a qualidade dos exames de sangue, foi suficiente para levantar a possibilidade de uma CPI na Câmara.

—  Constatamos que houve a utilização por alguns dias do produto vencido, mas a prefeitura alega que isso não gerou prejuízo aos pacientes. Com essa declaração, associada a algumas contradições levantadas durante a comissão, optamos por fazer um ofício comunicando a mesa diretora sobre essas irregularidades, sugerindo a continuidade da investigação da denúncia através de uma CPI —  disse Ucker.

Outro ponto abordado nas denúncias, que partiram der mensagens de aplicativos de servidores do hospital, apontaram a modificação de códigos de barras dos reagentes, no intuito de que o aparelho responsável pelos exames pudesse aceitar os produtos vencidos. Sobre isso, o vereador Claudio Aragão (MDB), também membro da comissão, afirmou em entrevista à CBN Joinville que a CPI ajudaria a esclarecer o ocorrido e responsabilizar as pessoas envolvidas.

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—  Eles revalidaram o código de barras. Quem autorizou? Se tenho um produto na prateleira do mercado e a vigilância diz que está vencido, tenho que jogar fora e não usar esse produto. Imagine agora um reagente vencido. Revalidar um código para manipular a máquina, tem erro aí —  criticou.

O que diz a prefeitura

Na última semana, a prefeitura de Joinville emitiu nota a respeito do assunto. Confira a resposta na íntegra:

O Hospital São José informa que mantém um rígido controle sobre os exames realizados em seu laboratório, com o uso de software que aponta os padrões de qualidade e confiabilidade.

Com relação ao reagente citado, é importante explicar que ele não é usado para realização de teste de dengue e sim para um exame de sangue comum, na diferenciação dos leucócitos, não influenciando no hematócrito e nas plaquetas, que são exames realizados para dengue.

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Este reagente venceu no dia 18 de fevereiro e cinco dias depois, no dia 23 de fevereiro, o São José recebeu um novo estoque para normalizar a realização do exame.

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