Em abril, Leoci de Souza, 52 anos, descobriu que tinha câncer nos pulmões. Nos últimos seis meses, a vida dele e da mulher, Evanir de Souza, também com 52 anos, virou de cabeça para baixo. Os dois tiveram que parar de trabalhar por causa do tratamento.
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Com a quimioterapia, ele começou a ficar fraco, perder a imunidade, passou a ter dificuldade de se alimentar e a necessidade de cuidados por tempo integral. O casal conta que só em uma semana chegou a gastar mais de R$ 700 em medicamentos.
Situação semelhante vive Veleda Tonon, 72 anos. Depois de diagnosticado o câncer de mama, neste ano, a idosa precisou de ajuda financeira e passou a receber o auxilio-saúde.
– A situação apertou, minha nora e meus filhos deixaram de trabalhar para me levar e buscar dos tratamentos e estamos gastando muito mais -, lamenta.
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Para amenizar um pouco o problema que vai além da doença e ataca o lado financeiro, os vereadores de Jaraguá do Sul aprovaram, na semana passada, um projeto que isenta os pacientes com câncer de pagar Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e taxa de lixo.
O projeto foi encaminhado na manhã de segunda-feira para a prefeita Cecília Konell, que terá 15 dias para sancioná-lo e assim torná-lo lei.
– Seria muito válido. Nestes momentos, toda a ajuda é bem vinda -, comenta Leoci.
O projeto é de iniciativa do vereador José Osório de Ávila (PSD), o Zé da Farmácia, e é destinado para todos os pacientes em tratamento de câncer. A ideia é que eles façam um cadastro junto à Prefeitura e apresente o laudo médico para que haja a isenção do pagamento do imposto do imóvel onde ele mora.
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– Procurei na Prefeitura o direito de isenção. Protocolei, mas foi negado porque a lei é federal mas precisa ser municipalizada. Por isso, fiz o projeto para que o benefício passe a valer na cidade, assim como a isenção da taxa de lixo -, explica o parlamentar.
Sanção é dúvida
O vereador Ademar Possamai (DEM) votou favorável ao projeto, mas acredita que ele não passará pela sanção da prefeita.
– O Legislativo não pode entrar com projeto que interfira diretamente no orçamento da Prefeitura. Este tipo de medida deve ser trazida pelo Executivo. Não sabemos o impacto financeiro disso, mas sou totalmente favorável -, destaca.
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A enfermeira responsável pelo setor de oncologia do Hospital São José, Edli Eschner, é a favor ao projeto.
– É difícil para o portador da doença e para a família. Muitas vezes o próprio paciente é o provedor da renda familiar e precisa se afastar, ou a família é obrigada a parar de trabalhar. A situação socioeconômica afeta quase diretamente o resultado do tratamento.
Em agosto, o hospital atendeu a 439 pacientes com câncer de Jaraguá do Sul e região. Destes, 175 são jaraguaenses. Eles passaram por tratamentos fornecidos pelo SUS.
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