A reforma administrativa da prefeitura de Florianópolis e o projeto que suspende o plano de carreira dos servidores municipais praticamente monopolizaram a tumultuada sessão da Câmara de Vereadores que deu início à análise do “pacotão” de projetos de lei de autoria do prefeito Gean Loureiro (PMDB). Sob protestos dos servidores públicos presentes dentro e fora da sede do Legislativo, ambas foram aprovadas. As votações continuam às 10h desta quarta-feira.
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Foi o ponto mais tumultuado da sessão iniciada na manhã de terça-feira. O presidente Gui Pereira (PR) colheu os votos dos vereadores sob os protestos da bancada oposicionista, que pedia a suspensão da sessão. Assim que saiu o resultado, com dois votos a mais do que o necessário para a aprovação da proposta, o parlamentar do PR suspendeu a sessão – o que não impediu a confusão nas galerias, especialmente quando o gás lacrimogêneo que vinha do lado de fora chegou até a parte interna da Câmara.
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– Os que são contrários preferem que se mantenha a estrutura anterior e que se continue gastando esse valor? –, perguntou da tribuna o vereador pessedista.
A proposta recebeu críticas de vereadores da oposição – especialmente Afrânio Boppré (PSOL) e Pedrão (PP) – e também de partidos que integram a base de governo, especialmente em relação à votação das emendas. O vereador Gabriel Meurer (PSB) afirmou na tribuna que a economia poderia chegar a R$ 6,5 milhões se fosse eliminadas mais estruturas sobrepostas.
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– Eu falo do Procon porque conheço. Tem o secretário do Consumidor, o secretário-adjunto, o superintendente do Consumidor, o diretor do Procon e o gerente do Procon. Todos fazendo a mesma coisa – afirmou o parlamentar, que já comandou o órgão.
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Após a confusão, com direito a móveis quebrados e estragos no pequeno memorial da Câmara, a sessão foi interrompida pela presidente Gui Pereira. Embora até mesmo alguns vereadores da base governista defendessem que as votações fossem paralisadas até a manhã desta quarta-feira, a decisão da presidência foi por continuar a sessão sem a presença de público nas galerias.
– Não foi a Câmara que retirou o público das galerias, eles que se auto-retiraram. Todos podem se manifestar, desde que não atentem contra a integridade física dos vereadores, dos servidores e da Casa – afirmou Katumi.
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Com os servidores do lado de fora, teve início a votação do segundo projeto da pauta, que suspende a aplicação do plano de carreira dos servidores municipais até a aprovação de outro, entre outras medidas que afetam benefícios dos funcionários públicos. Durante a discussão de requerimentos apresentados pela aprovação, houve tumulto mais uma vez.
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O projeto era considerado o principal teste da base aliada entre os que permaneceram no pacote, pela pressão sobre vereadores da base aliada que conta com base junto a servidores públicos. Na tribuna, os vereadores Erádio Gonçalves e Dalmo Meneses, ambos do PSD, e Gabriel Meurer (PSB) anunciaram que votariam contra a proposta. Vanderlei Farias se emocionou ao criticar a projeto.
– Me preocupa o que estamos votando hoje e posso falar com propriedade pela amizade que tenho com o prefeito. Estou com ele há muito tempo. É um dos piores momentos da minha vida – afirmou o pedetista, que apoiava o requerimento de Afrânio Boppré para que a proposta não fosse votada.
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