Em uma despedida conturbada de 2013, os vereadores encerraram nesta terça-feira os trabalhos da Câmara de Vereadores com a aprovação do reajuste da taxa de coleta de lixo. Protocolado pelo Executivo no último dia para a prefeitura apresentar projetos, o texto praticamente não foi analisado pelos vereadores.
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O resultado foi oito votos favoráveis e seis contrários. A posição dos três vereadores do PSD – Mário Hildebrandt, Robinsom Soares e Marcelo Lanzarin – garantiu a aprovação, surpreendeu os outros legisladores e despertou a ira do líder do governo Ivan Naatz (PDT) – que votou contra -, do líder do PT, Jefferson Forest, e do presidente da Casa, Vanderlei de Oliveira (PT).
Eles alegam que os colegas do PSD teriam se comprometido a rejeitar o projeto, mas não seguiram o acordo na hora da votação. Hildebrandt, líder da bancada do PSD, diz que o grupo seguiu orientações do partido. A votação sugere uma aproximação do PSD com o governo, situação não declarada, mas que motivou Naatz a anunciar a saída da liderança do governo no início do mês.
O presidente do PSD, Fábio Fiedler, diz que a orientação era se posicionar a favor do projeto por dois motivos:
– Já tínhamos tentado essa aprovação no governo João Paulo Kleinübing e não tínhamos conseguido. Também tivemos reunião com a Secretaria de Finanças que detalhou a possibilidade de sucateamento do Samae.
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A sessão extraordinária de ontem teve início pela manhã. O projeto de reajuste da taxa de lixo não estava na pauta, mas havia a expectativa de que ele fosse votado. Quando a reunião foi retomada à tarde, por volta de 15h, a proposta também não foi incluída na ordem do dia, mas a tensão aumentava no plenário à medida que o tempo passava. A sessão foi suspensa para uma reunião fechada. A esta altura vários servidores do Samae já estavam na plateia, entre eles o presidente Valdair Matias, mas não havia certeza de que o projeto seria analisado.
– Vamos votar com certeza, só não sei se o governo terá votos pra aprovar – dizia o líder Naatz.
A oposição tinha opinião diferente:
– O governo vai tentar empurrar, mas por mim não votaria hoje. Nem veio parecer – declarava Forest. Uma hora e vinte minutos depois os vereadores voltaram ao plenário com a decisão acertada. Foram feitas rápidas reuniões das comissões de Constituição e Justiça, de Finanças e Mista, apenas para permitir que o projeto entrasse em votação. A sessão foi retomada e os vereadores iniciaram a votação que terminaria na aprovação.
Forest ocupou a tribuna e lamentou o posicionamento do PSD:
– Saio desta última sessão legislativa sem jamais confiar na palavra destes três vereadores. Lamento profundamente que eles submeteram o nosso povo a um reajuste abusivo da tarifa do lixo. Na sequência, Naatz também criticou a votação, fazendo acusações de negociação com o governo:
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– O que me deixou triste é que o vereador Mário Hildebrandt declarou voto “não” na reunião e traiu seus companheiros. É o mais baixo dos golpes que se pode dar. Se negociou cargos ou ganhou alguma coisa não posso dizer, mas mostrou que é um cidadão sem palavra. Hildebrandt reforçou que a posição da bancada foi uma orientação do partido e não quis comentar as falas de Forest e Naatz:
– O PSD assumiu uma posição em favor do Samae, da garantia de que a autarquia tenha condições de prestar serviço de qualidade.