O vereador Mauricinho Soares (MDB) se emocionou e chorou ao responder aos questionamentos da comissão processante, responsável por investigar o legislador, nesta sexta-feira (23), na Câmara de Vereadores de Joinville. Essa é a primeira vez que o político fala com o grupo da Casa desde que foi preso, em dezembro de 2023

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Mauricinho foi preso na Operação Profusão, quando foi abordado na chegada à Câmara de Vereadores. Ele é investigado por suspeita de participação em um esquema de fraudes no Detran de Joinville.

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O vereador respondeu apenas às perguntas feitas por Cassiano Ucker (União Brasil), presidente da comissão e dos advogados de defesa. Ele se recusou a responder os questionamentos de Cleiton Profeta (PL), justificando imparcialidade do relator. Kiko do Restaurante (PSD) não fez perguntas. 

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Questionado por Ucker sobre quebra de decoro, Mauricinho diz que o conteúdo da denúncia “não é justo”. Ele ressaltou que está sendo investigado, mas que não cometeu crime e está à disposição da Justiça. 

— Fui citado por um elemento que foi preso. Mas até agora não tem prova nenhuma de crime. Eu não cometi crime. Não vou ser condenado — destacou. 

Esta foi a quarta reunião da comissão processante. 

O que motivou a prisão de Mauricinho

Mauricinho foi preso na Operação Profusão, quando foi abordado na chegada à Câmara de Vereadores. Ele é investigado por suspeita de participação em um esquema de fraudes no Detran de Joinville.

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De acordo com o delegado Pedro Alves, da Delegacia Especializada em Combate à Corrupção (Decor), o papel de Mauricinho no grupo era o de cooptar motoristas com CNHs suspensas que tinham interesse em zerar multas das carteiras de habilitação de forma ilícita. Para executar o serviço, se utilizava do cargo público, influência política e livre acesso ao órgão.

— Essa organização não tinha, necessariamente, uma pessoa que era o cabeça, mas eles atuavam em articulação. Cada um tinha um papel pré-definido e o dele [Mauricinho Soares] era relevante no sentido de trazer um volume bem grande de condutores para poder ter essa liberação de penalidade feita de forma indevida. Ele levava o condutor do veículo, o nome e a documentação até o agente do Detran e, com esses dados, o agente fazia a inserção no sistema com as informações falsas — explicou o delegado.

Ainda conforme o investigador, o papel de Mauricinho na organização criminosa era, se utilizando do cargo público, influência política e livre acesso ao órgão, o de cooptar motoristas com CNHs suspensas que tinham interesse em zerar multas das carteiras de habilitação de forma ilícita.

Em uma semana, o vereador foi preso duas vezes na mesma operação. No dia 30 de novembro, quando foi deflagrada a ação policial, Mauricinho foi preso em flagrante no momento do cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa dele, quando uma arma de fogo foi encontrada no local. Ele chegou a ser conduzido ao presídio, mas pagou fiança de R$ 12 mil e foi liberado. Mesmo assim, continua a responder este processo, só que agora em liberdade.

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Já no dia 8, Mauricinho foi preso preventivamente e o que motivou o mandado foi a descoberta de novos elementos que ligam o vereador aos casos de fraude no Detran e apontam, ainda, a participação ativa dele no esquema. Segundo a polícia, indícios mostram, inclusive, as práticas já eram feitas em mandados anteriores do político.

O que é a Operação Profusão

A ação conduzida pela Decor de Joinville tem relação com a liberação irregular de carteiras de motoristas suspensas pelo Departamento de Trânsito. Nesta operação de âmbito policial, quatro pessoas foram presas, entre elas, Mauricinho, pela posse da arma de fogo, um despachante, outro funcionário terceirizado do Detran e um ex-funcionário do órgão.

A investigação iniciou em janeiro deste ano e, no decorrer da apuração, foram descobertas mais de 100 condutas criminosas. De acordo com Ross, em três meses, foram auditados 60 processos de liberação de CNH a condutores impedidos de dirigir com envolvimento dos suspeitos. Desses, 58 apresentaram irregularidades. Em um dos casos, segundo investigador, o condutor que teve a liberação para dirigir estava com mais de 240 pontos na carteira.

Além das prisões, também foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e duas ordens de suspensão de atividades de empresas que atuavam em Joinville do ramo despachante e que eram de propriedade de um dos presos. Nos endereços, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, especialmente telefones celulares, e documentos relacionados aos fatos sob apuração.

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